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Seminário deseja aprofundar debate sobre crítica e cinema negro brasileiro

06/04/22 às 12:50 Atualizado em 06/04/22 as 13:23
Seminário deseja aprofundar debate sobre crítica e cinema negro brasileiro

Entre os dias 28 de abril e 19 de maio, sempre às quintas-feiras, acontece o seminário Práticas Críticas do Pensamento Negro, realizado pela Indeterminações – plataforma de crítica e cinema negro brasileiro, com patrocínio do BDMG Cultural e apoio cultural do Goethe-Institut São Paulo e da Embaixada dos Estados Unidos em Belo Horizonte.

Serão ao todo quatro mesas de debate que irão refletir sobre temas diversos, começando por questões que permeiam a crítica elaborada por pessoas negras e chegando até discussões sobre as contribuições e ambivalências presentes nas imagens produzidas ou protagonizadas por agentes negros na história do cinema brasileiro. A programação completa (leia abaixo) está sendo divulgada em primeira mão pelo Cine Festivais.

“Nos últimos anos, a gente vem percebendo um aumento expressivo de filmes e peças audiovisuais assinadas por grupos sociais historicamente minoritários no campo cinematográfico, num movimento muito ligado às discussões de raça, gênero, classe, sexualidade e identidades. O seminário parte dessa profusão contemporânea para pensar a crítica e o cinema negro, e também volta às matérias do cinema produzido no século passado, a fim de buscar redimensionar os discursos, narrativas e análises fílmicas do campo”, comenta Lorenna Rocha, uma das idealizadoras do seminário e cofundadora da Indeterminações.

O evento tem como intuito discutir a multiplicidade de projetos e proposições de cineastas e outros profissionais negros lançados ao longo da segunda metade do século 20 e na virada do milênio. Das quatro mesas, pelo menos duas abordam o assunto diretamente.

Na segunda conversa do seminário, intitulada Investigar as matérias dos cinemas negros, a jornalista Mariana Queen Nwabasili e o cineasta Fabio Rodrigues Filho, que também atuam na crítica e na pesquisa, se propõem a elaborar narrativas historiográficas do cinema brasileiro a partir da presença de pessoas negras em tela e fora dela. Uma das perguntas que guia a conversa é: quais deslocamentos temporais, metodológicos, políticos e estéticos essas matérias produzem?

A mesa seguinte, por sua vez, reúne o professor Bernardo Oliveira, a pesquisadora Letícia Bispo e o artista Diego Araúja para realizar uma leitura pública e comentada do Dogma Feijoada e do Manifesto do Recife, documentos assinados por diretores, diretoras, atrizes, atores, produtores e demais profissionais negros no início dos anos 2000 que são registros das primeiras tentativas de coletivização do cinema negro no Brasil. Passados 20 anos, o que essas propostas têm a nos dizer hoje?

“A todo momento, dizemos, enquanto pessoas negras, que nossos passos vêm de longe e que é preciso honrar aqueles que nos abriram caminho. Mas nem sempre fazemos isso com rigor. Essa programação é também um convite à reflexão profunda sobre as complexidades que habitam essas diferenças temporais. Queremos também discutir as particularidades e limitações daquilo que hoje chamamos crítica negra e, a partir desse pensamento, investigar as demandas e caracterizações que permeiam (ou não) as produções negras no cinema”, aponta Gabriel Araújo, cofundador da Indeterminações e também idealizador do seminário.

Nesse sentido, o seminário conta com a mesa de abertura Crítica negra como método, que mescla propostas do cinema e do teatro com o objetivo de complexificar as chaves de leitura para as produções artísticas negras do presente. Participam a pesquisadora, curadora e crítica de cinema Kênia Freitas e o pesquisador e crítico teatral Guilherme Diniz.

Por fim, a mesa de encerramento recebe o pesquisador Michael B. Gillespie, professor de cinema na City College of New York e no Graduate Center, CUNY. Gillespie é autor do livro Film Blackness: American Cinema and the Idea of Black Film (Duke University Press, 2016), e apresentará ao público brasileiro as ideias e argumentos que trabalha na publicação. Na obra, o professor questiona as demandas representacionais e sociais atreladas às produções pretas, reivindicando-as enquanto proposições formais e artísticas que não devem estar limitadas a um espelhamento da experiência negra no mundo. Nessa proposta, introduz a ideia de film blackness (pretitude fílmica) para justificar uma reelaboração nos modos de investigar as narrativas visuais, sônicas e historiográficas dos filmes pretos. A conversa será bilíngue, com tradução para o português e para o inglês, além da tradução em Libras.

Após o seminário, será publicado, no site oficial da Indeterminações um conjunto de textos escritos por críticos e críticas negras, no qual as autoras se dedicam a fazer reflexões acerca de suas trajetórias profissionais e investigam o campo cinematográfico negro e brasileiro. Entre os convidados e convidadas, estão: Adilson Marcelino, Ana Júlia Silvino, Bernardo Oliveira, Fabio Rodrigues Filho, Felipe André Silva, Gabriel Araújo, Heitor Augusto, Juliano Gomes, Letícia Bispo, Lorenna Rocha, Manu Zilveti e Mariana Queen Nwabasili.

Para conhecer mais sobre a proposta da plataforma Indeterminações, leia a entrevista concedida por Lorenna Rocha e Gabriel Araújo ao nosso editor Adriano Garrett.

Como participar

Todas as conversas serão realizadas das 19h às 21h, com exceção da mesa de abertura. Essa,
por sua vez, será realizada no dia 28 de abril das 20h às 22h. Os debates serão transmitidos pelo canal de YouTube da plataforma sempre às quintas-feiras, nos dias 5, 12 e 19 de maio. Todas as mesas contam com tradução simultânea em Libras.

Não há necessidade de inscrição prévia para assistir às mesas pelo YouTube. Contudo, pessoas interessadas em participar ativamente das discussões poderão se inscrever no site da plataforma a partir do dia 12, o que lhes concederá permissão para acessar a sala de reunião virtual onde os convidados estarão reunidos. A elas, será encaminhado um convite para participar da reunião no Zoom e as instruções de acesso à mesa. Mais informações serão atualizadas em breve.

Programação completa

28/04, às 20h: Crítica negra como método

Com Kênia Freitas (ES) e Guilherme Diniz (MG)

Mediação: Gabriel Araújo

com tradução em Libras

Como a crítica produzida a partir dos pensamentos negros e não-brancos pode reelaborar (e recriar) narrativas históricas sobre o cinema (e outras artes) e produzir diferentes chaves de leitura para as produções artísticas do presente? Como fazer da crítica [negra] um exercício de não-dispersão, uma vez que a continuidade dessa prática possibilitaria a criação de memórias sobre as produções negras e a reformulação das disputas políticas que estão imbricadas ao campo cinematográfico (e artístico) brasileiro?

05/05, às 19h: Investigar as matérias dos cinemas negros

Com Mariana Queen Nwabasili (SP) e Fabio Rodrigues Filho (BA)

Mediação: Lorenna Rocha

com tradução em Libras

Como lidar com As Aventuras Amorosas de um Padeiro (1975), de Waldir Onofre, Amor Maldito (1984), de Adélia Sampaio, e Compasso de Espera (1973), de Antunes Filho? É possível construir um arranjo para colocá-los em diálogo? Como poderíamos, hoje, retomar as discussões suscitadas por um filme como Na boca do mundo (1979), do Antônio Pitanga? De que modo podemos olhar para a produção da diretora Danddara no início dos anos 2000? Como elaborar narrativas historiográficas do cinema brasileiro a partir das criações artísticas de atores, atrizes e demais profissionais negros do audiovisual? Quais deslocamentos temporais, metodológicos, políticos e estéticos essas matérias produzem?

12/05, às 19h: Dogma Feijoada e Manifesto do Recife – 20 anos depois

Com Letícia Bispo (DF), Bernardo Oliveira (RJ) e Diego Araúja (BA)

Mediação: Lorenna Rocha e Gabriel Araújo

com tradução em Libras

Uma leitura pública e comentada do Dogma Feijoada (2000) e Manifesto do Recife (2001), documentos assinados por diretores, diretoras, atrizes, atores, produtores e demais profissionais negros no início dos anos 2000, que são registros das primeiras tentativas de coletivização do cinema negro no Brasil. Quais perguntas podemos lançar a esses escritos? Como eles impactam (ou não) na construção da ideia de cinema negro e nas produções artísticas negras no campo cinematográfico? Após 20 anos, como olhar para as implicações e consequências desses documentos, aproximando-os dos debates contemporâneos acerca do cinema negro brasileiro?

19/05, às 19h: “Se precisamos nos ver, que seja em espelhos, não em telas de cinema”: uma conversa com Michael B. Gillespie

Mediação: Lorenna Rocha e Gabriel Araújo

com tradução em português, inglês e Libras

Em Film Blackness: American Cinema and the idea of Black Film (2016), o professor e pesquisador Michael B. Gillespie propõe uma reelaboração nos modos de investigar as narrativas visuais, sônicas e historiográficas dos filmes pretos. Ao considerar a ideia de raça como uma ficção cultural, o autor questiona as demandas representacionais e sociais atreladas às produções pretas, reivindicando-as enquanto proposições formais e artísticas que não devem estar limitadas a um espelhamento da experiência negra no mundo. Em conversa com os curadores da Indeterminações, Michael B. Gillespie irá introduzir a ideia de film blackness (pretitude fílmica) ao público brasileiro e compartilhar um pouco sobre seus estudos de mídia e filmes pretos.

Convidados e convidadas do seminário

Kênia Freitas é professora, crítica e curadora de cinema, com pesquisa sobre Afrofuturismo e Cinema Negro. Doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ. Fez estágios de pós-doutorado (Capes/PNPD) no programa de Pós-Graduação em Comunicação na UCB (2015-2018) e no programa de Pós-Graduação em Comunicação da Unesp (2018-2020). Desde 2015, realiza a curadoria de diversas mostras e festivais de cinema. Faz palestras, ministra oficinas e minicursos sobre Cinema Negro Especulativo e Crítica de cinema. Escreve críticas para o site Multiplot! desde 2012. Integra o FICINE – Forúm Itinerante de Cinema Negro.

Guilherme Diniz é pesquisador e crítico teatral. Licenciado em Teatro pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (EBA/UFMG) e mestrando em Literatura Brasileira pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (FALE/UFMG). Colaborador no site Horizonte da Cena. Já realizou coberturas críticas para distintas mostras e festivais de teatro do país, como Janela de Dramaturgia (BH), Segunda Black (RJ) e Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (SP). É um dos produtores e consultores do Prêmio Leda Maria Martins de Artes Cênicas Negras de BH.

Mariana Queen Nwabasili é jornalista e pesquisadora, doutoranda e mestra em Meios e Processos Audiovisuais pela USP, onde também se graduou em Jornalismo. Pesquisa representações e recepções vinculadas a gênero, raça, classe e colonialidade no audiovisual, sobretudo no cinema brasileiro. Entre 2020 e 2022, como bolsista do Projeto Paradiso, realizou o Máster em Curadoria Cinematográfica da Elías Querejeta Zine Eskola, na Espanha. Atua como crítica teatral e, em 2021, participou da 10ª edição do Critics Academy do Festival de Cinema de Locarno, na Suíça.

Fabio Rodrigues Filho trabalha na crítica, realização, programação e pesquisa em cinema. Doutorando em Comunicação na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é mestre pela mesma Universidade e graduado na Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB). É membro dos grupos Poéticas da Experiência e Áfricas nas Artes. Realizador dos filmes “Tudo que é apertado rasga” (2019) e “Não vim no mundo para ser pedra” (2022). Trabalha também como cartazista de cinema. Escreve para revistas, catálogos e no blog pessoal Tocar o Cinema. É um dos coordenadores do Fluxo-Fixo, festival de filmes independentes.

Bernardo Oliveira é professor da Faculdade de Educação/UFRJ, pesquisador, crítico de música e cinema e produtor. Participa como colaborador do projeto de extensão GEM — Grupo de Educação Multimídia (Letras/UFRJ), do LISE — Laboratório do Imaginário Social e Educação (Educação/UFRJ) e do NFC — Núcleo de Filosofias da Diferença (IFCS/UFRJ). Como crítico de música e ensaísta, colaborou com diversos jornais, blogs, revistas e festivais do Brasil e do exterior. Em dezembro de 2014, publicou o livro “Tom Zé — Estudando o Samba” (Editora Cobogó). Em novembro de 2021 publicou “Deixa queimar” (Editora Numa)

Letícia Bispo é mestranda na linha de pesquisa Pragmáticas da Imagem, no PPGCOM/UFMG. Formada em Audiovisual na Universidade de Brasília (UnB). Crítica, pesquisadora e curadora na área de cinema e audiovisual. Uma das fundadoras, editoras e curadoras do Verberenas. Foi curadora no Rastro – festival de cinema documentário (2020; 2021) e fez parte da Comissão de Seleção Internacional do 22º FestCurtasBH (2020). Compõe o Núcleo Técnico de Audiovisual da Faculdade de Comunicação, na UnB.

Diego Araúja é artista natural de Salvador (Bahia, Brasil) onde vive e trabalha. Com 10 anos de carreira artística, é bacharel em artes cênicas pela Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Suas mídias são literárias, visuais, cênicas, performáticas e audiovisuais; nas funções de diretor, cenógrafo, artista visual, dramaturgo, roteirista e escritor. Dirige o processo Tempo Crioulo desde 2015. O artista considera a linguagem como fator primeiro de traumas e sua continuidade; o Tempo Crioulo seria instaurar tempos qualitativos para a produção de linguagens emancipadas do trauma.

Michael B. Gillespie é professor de cinema na City College of New York e no Graduate Center, CUNY. Sua pesquisa e produção é focada nas visualidades negras, teoria fílmica, historiografia visual, música popular e arte contemporânea. Ele é autor de Film Blackness: American Cinema and the Idea of Black Film (Duke University Press, 2016) e coeditor do Black One Shot, série de crítica de arte publicada no ASAP journal. Seus textos mais recentes podem ser lidos na Film Quarterly, The Criterion Collection, Film Comment, and Ends of Cinema. Atualmente trabalha no livro The Case of the 3 Sided Dream, em desenvolvimento.

Serviço
Seminário Práticas Críticas do Pensamento Negro (1ª edição)
Quando: 28 de abril, 5, 12 e 19 de maio
Evento on-line e gratuito, com tradução simultânea em Libras, pelo Youtube da plataforma
Realização: Indeterminações – plataforma de crítica e cinema negro brasileiro

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