O título deste curta-metragem de Allan Ribeiro já surge como algo que rompe as expectativas do espectador. O clube, palavra comumente associada ao universo masculino, se refere no filme à Tuma OK, grupo de transformistas do Rio de Janeiro que celebra 53 anos de funcionamento.
Também nesta linha de rompimento com estereótipos, o trabalho começa com os membros da trupe em uma igreja, recebendo a bênção de um padre em homenagem à data festiva, o que provoca um estranhamento natural (tanto pela imagem conservadora da Igreja Católica, quanto pela fé dos frequentadores) quando somos apresentados ao divertimento preferido daquelas pessoas.
O filme aproveita a teatralidade inerente à dublagem de músicas de divas do passado, principal atração da Turma OK, para propor uma ficcionalização de situações comuns àquele lugar. Os membros interpretam a si mesmos, criando uma narrativa híbrida em que o real (a existência daquele local antes da chegada da câmera) e a ficção (a trama inventada a partir de características reais daquelas pessoas, como a vaidade) se misturam.
Em meio a boas tiradas, como a mãe esperando o filho se arrumar para a festa, o curta-metragem estabelece, através de rápidas inserções em preto e branco, uma possibilidade de conflito que permeia quase toda a sua duração. Este recurso, utilizado com o mesmo tom farsesco que possui a obra, é subvertido quando, mais uma vez, o filme quebra expectativas, trilhando o caminho mais natural para a Turma OK: o da celebração.
Nota: 7,5/10 (Bom)
Leia também:
>>> Cobertura completa do Festival de Curtas de São Paulo
>>> Curta revive lendas urbanas de favela carioca
>>> Filme crítico a Eduardo Campos ganha novos significados com morte do político