Em uma sessão seguida de debate na noite deste domingo (15), no Rio de Janeiro, foram revelados os vencedores da 17ª edição da Mostra do Filme Livre. A edição deste ano contou com três júris. O primeiro, organizado pelo Cine Festivais, analisou os sete filmes da seção Longas Livres; o segundo, organizado pelas Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema, premiou os trabalhos da seção Caminhos (filmes de escola); e o terceiro, composto por membros da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ), voltou seu olhar para os curtas e médias-metragens da seção Panoramas Livres.
Conheça a seguir os filmes premiados e as justificativas dos júris da 17ª Mostra do Filme Livre.
LONGAS LIVRES, júri do Cine Festivais – composto por Adriano Garrett (editor do site), Amina Jorge (cineasta e produtora) e Rodrigo Pinto (crítico colaborador do site).
Pela particularidade de linguagem e de mise-en-scène no contexto do cinema contemporâneo brasileiro, construindo sua narrativa de forma sensorial através, de um lado, da subjetividade de seu personagem principal, e de outro, da crueza documental ligada a uma leitura singular sobre a relação da economia globalizada com a transformação das paisagens naturais, o troféu FILMELIVRE da mostra Longas Livres vai para Navios de Terra, de Simone Cortezão (MG).
CAMINHOS, júri das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema – composto por Julia Levy, Roni Filgueiras e Roberta Canuto.
Nós do Júri da seção Caminhos da 17ª Mostra do Filme Livre, formado pelas críticas do Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema, decidimos contemplar o filme CorpoStyleDanceMachine, de Ulisses Arthur (BA), que fez de seu curta um tocante exercício de linguagem, que não tem medo da palavra, numa era em que a crise da palavra é uma marca. O diretor foi corajoso ao eleger um personagem periférico, que encarna a deriva e a força do devir de um homem trans na Bahia, em tempos passados de grande repressão, e que ecoam ainda hoje.
O júri também destaca o alto nível técnico dos selecionados e decidiu conceder a menção honrosa para o filme A Paz Ainda Virá Nesta Vida, de Isabella Geoffroy e Nicolas Bezerra, do Rio de Janeiro, que paradigmaticamente retrata, no cenário do Complexo do Alemão, a questão do terror de Estado. O curta denuncia de maneira contundente o regime de exceção que historicamente se instalou nas favelas e periferias do país e já executou sumariamente sobretudo vidas de jovens negros.
PANORAMAS LIVRES, júri da ACCRJ – composto por Filippo Pitanga, Gilberto F. Silva Jr. e Ricardo Cota.
Por uma forte interlocução com o Brasil e que esclarece muito do nosso ecletismo religioso valorizando sobretudo a premente influência africana e a ancestralidade matriarcal, bem como pela riqueza de linguagem, o Prêmio ACCRJ para o melhor filme da seção Panoramas da 17ª Mostra do Filme Livre vai para Talaatay Nder, de Chantal Durpoix (BA).
E menção honrosa, pela ousadia na liberdade de linguagem ao retratar o delírio do real, bem como mostrar outras perspectivas para o Brasil regional, para A Retirada para um Coração Bruto, de Marco Antônio Pereira (MG).
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