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Ele ser gay não é uma questão no filme, diz Wagner Moura sobre novo papel

07/05/14 às 09:00 Atualizado em 09/05/14 as 12:50
Ele ser gay não é uma questão no filme, diz Wagner Moura sobre novo papel

Já é praxe desde 2007. Sempre que lança algum filme, Wagner Moura tem que conviver com alguma pergunta relacionada ao Capitão Nascimento, personagem que interpretou nos dois filmes da franquia Tropa de Elite, de José Padilha. Dizendo não se importar com um possível choque dos espectadores com seu papel em Praia do Futuro, no qual faz um guarda-vidas que se apaixona por um alemão e se muda para Berlim, Wagner aponta semelhanças entre os dois trabalhos.

“Talvez o Donato (de Praia do Futuro) seja o personagem mais parecido com o Capitão Nascimento que eu já fiz. A ideia de que o homossexual não pode ser herói, viril e andar de moto é preconceituosa, um pensamento frágil”, comentou o ator, em São Paulo, durante entrevista coletiva de lançamento do filme dirigido por Karim Aïnouz, que chega no próximo dia 15 aos cinemas brasileiros.

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Praia do Futuro é uma coprodução Brasil-Alemanha que participou da competição oficial do último Festival de Berlim e também tem no elenco Jesuíta Barbosa e o alemão Clemens Schick. Prestes a ir à Colômbia para gravar uma minissérie produzida pelo Netflix e dirigida por José Padilha sobre o famoso traficante colombiano Pablo Escobar, Wagner falou sobre o seu trabalho em Praia do Futuro e discorreu sobre diversas questões levantadas pelo filme.

Leia a seguir as principais falas do ator na coletiva.

 

Trabalho com Karim Aïnouz

“Eu queria muito trabalhar com o Karim. Gosto muito das obras dele, a gente já se conhecia, então eu o ‘assediei’ para que me deixasse fazer um filme com ele. Quando aconteceu, eu realmente abri o tempo que eu tinha para fazer isso, era uma prioridade para mim.”

 

Sobre o personagem

“Os personagens desse filme se expressam muito mais pelo que eles fazem do que pelo que dizem. Especialmente o Donato (interpretado por Wagner), que é um personagem misterioso, que não sabe o que sente. Os atores sempre querem entender os personagens, mas às vezes a gente não sabe por que faz as coisas na vida. Esse é um personagem que a gente entende e vê quem ele é quando ele dança, quando ele nada, quando ele trepa, nas ações dele.”

 

Cenas de sexo gay

“Donato é um personagem complexo, com tantas coisas, e entre elas é um cara gay. O fato de o personagem ser gay não é uma questão no filme. Claro que fazer cenas de intimidade, seja com um homem ou uma mulher, é uma coisa delicada. Para isso, foi muito bom eu ter conhecido o Clemens há mais tempo. Quando você tem esse tempo de ensaio para conhecer o outro ator que contracena com você isso fica normal, natural.”

 

Possibilidade de choque de espectadores que guardam a imagem do Capitão Nascimento

“A resposta honesta é ‘tanto faz’. O Brasil é um país conservador e é claro que eu me tornei um ator popular e conhecido por esse papel (do Capitão Nascimento), mas há um preconceito muito grande. Talvez o Donato seja o personagem mais parecido com o Capitão Nascimento que eu já fiz. A ideia de que o homossexual não pode ser herói, viril e andar de moto é preconceituosa, um pensamento frágil. Então é possível que haja um choque, mas em todos os filmes que fiz depois do Tropa eu respondi uma pergunta assim, o que é natural pelo tamanho que o filme tomou, inclusive no imaginário pop brasileiro.”

 

Wagner elogiou bastante o colega de elenco Jesuíta Barbosa

 

Trabalho com Jesuíta Barbosa

“Jesuíta é um ator extraordinário. Sou muito impressionado com ele. Ao mesmo tempo que tem uma pureza muito grande naquilo que faz e diz, ele é um ‘pequeno demônio’. Eu amo ele. Eu vou dirigir um filme sobre o (guerrilheiro Carlos) Marighella e ainda não tenho o elenco, mas a única coisa que eu tenho certeza é que eu vou arranjar alguma coisa para o Jesuíta fazer.”

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Preparação para o filme

“É uma pena que ainda haja produtores que acham que ensaiar é gastar dinheiro, e não percebem que isso é fundamental. A gente ensaiou dois meses para o filme e, além disso, eu fiz um treinamento violento com os guarda-vidas da Praia do Futuro, em Fortaleza. Isso deu um tônus muito bom para o meu personagem, que começa a historia como um bombeiro, e também me ajudou a pegar o sotaque cearense.

Outra coisa importante foi o período de ensaios em Berlim, já que o filme é centrado em três personagens, e era importante não só que conhecêssemos bem os personagens, mas que tivéssemos uma boa relação e nos tornássemos amigos. Era importante que eu ficasse bem na cidade, e o Clemens fez com que eu me sentisse em casa.”

 

Língua alemã

“Eu descobri rapidamente que não ia falar alemão. Eles contrataram uma professora de alemão para mim e por um momento ela achou que eu iria aprender alemão em dois meses. Na segunda aula eu já falei para ela me ensinar só as falas que eu precisava (risos)… Depois o Clemens me ajudou a decorar o texto. Tinha uma cena em que eu falava com uma menina em alemão que o Karim foi cortando gradativamente algumas partes. Eu queria fazer a coisa que eu tinha estudado, mas acabei só fazendo uma fala pequena… (risos).”

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