facebook instagram twitter search menu youtube envelope share-alt bubble chevron-down chevron-up link close dots right left arrow-down whatsapp back

Son of Saul, de László Nemes

29/10/15 às 11:35 Atualizado em 08/10/19 as 20:26
Son of Saul, de László Nemes

Não são raros os filmes que abordam temas relacionados à Segunda Guerra Mundial e, mais especificamente, aos judeus da época. Son of Saul, entretanto, se destaca ao fazer isso talvez de uma das formas mais cruas até então. O diretor húngaro László Nemes, em seu primeiro longa-metragem, foge da opção de criar um personagem cativante, símbolo de sobrevivência, e investe em alguém que pudesse refletir a face mais realista e fria da História: o Holocausto como um caso de extermínio, e não de heroísmo.

O judeu húngaro Saul “Ausländer” (do alemão, estrangeiro), interpretado por Géza Röhrig, é acompanhado pela câmera durante dois dias de trabalho no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, em 1944. Integrante do Sonderkommando, grupo especial de judeus que auxiliava os nazistas diariamente nos campos, ele é responsável pela manutenção da câmara de gás, retirando os corpos e limpando-a após cada leva, obrigações que o colocam em uma impotente posição de cumplicidade de tais atos.

Quando encontra o corpo de um garoto que acredita ser seu filho, Saul vê a chance de uma espécie de salvação moral ao se dedicar à missão de impedir que o menino seja cremado. A dificuldade de encontrar um rabino para o enterro em meio a suas tarefas revela o funcionamento extremamente lógico do campo, um molde imposto inquestionável, em que cada pessoa tem uma função específica e constante. Ao romper diversas vezes esse ciclo, cria-se o suspense em relação ao que acontecerá quando Saul for repreendido novamente por algum soldado, contrapondo momentos de independência e submissão do personagem.

Por conta de toda essa pressão, a relação de Saul com os outros judeus também é problemática: os integrantes do Sonderkommando devem agir de forma semelhante aos nazistas, utilizando-se da indiferença e da brutalidade para que o trabalho seja feito. Essa atmosfera desprovida de emoções não oferece brechas para qualquer tipo de amizade. A única postura exigida por seus companheiros é que ele auxilie na rebelião que é preparada, fazendo com que se irritem toda vez que Saul pede ajuda para seu próprio objetivo.

Filmado em uma razão de aspecto menor, formato padrão nos filmes 35mm da época, há uma forte sensação de claustrofobia que acompanha os planos, intensificada por serem em sua maioria bem fechados no protagonista e com pouca profundidade de campo. O foco das imagens nunca é o lugar onde Saul se encontra, tornando os detalhes mórbidos terrivelmente triviais, uma vez que não atraem a atenção total da câmera.

Essa linguagem, composta de planos-sequência que passeiam somente pelo campo de concentração e pela natureza ao seu redor – onde poucas coisas remetem a uma estética usual dos anos 40 –, contribui efetivamente para o realismo que o filme almeja, trazendo a experiência para perto do espectador, uma vez que cabe a ele completar essa reconstrução do passado de forma mais autêntica e menos ficcional.

Nota: 8,5/10 (Ótimo)

 

>>> Acompanhe a cobertura da 39ª Mostra de São Paulo

 

Sessão de Son of Saul na 39ª Mostra de São Paulo 

– Dia 31/10 – 19h50 – ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA – FREI CANECA 1

Entre em contato

Assinar

Siga no Cine Festivais