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Realizadores também devem pensar em preservar filmes, diz diretora da CineOP

02/06/14 às 09:00 Atualizado em 01/06/14 as 23:42
Realizadores também devem pensar em preservar filmes, diz diretora da CineOP

Raquel Hallak já tem uma experiência de quase duas décadas na organização de festivais de cinema. Diretora da Universo Produção, empresa que realiza a Mostra de Cinema de Tiradentes, a CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto e o CineBH, ela acompanhou de perto o crescimento do circuito dos festivais no Brasil.

Em conversa com o Cine Festivais durante a 9ª CineOP, Raquel relembrou como se deu o surgimento deste festival, comentou a evolução da área de preservação audiovisual no país e destacou o importante papel que o circuito de festivais exerce para o cinema brasileiro.

Leia a seguir os principais pontos da entrevista com a coordenadora geral da 9ª CineOP.   

 

Cine Festivais: Como se deu o surgimento da CineOP?

Raquel Hallak: A CineOP surgiu de uma observação minha de uma dificuldade a partir de uma experiência com a Mostra de Tiradentes, também organizada pela Universo Produção. Quando prestávamos homenagens a cineastas, tínhamos uma dificuldade imensa para encontrar os seus filmes. Quando conseguíamos, eles raramente estavam guardados em cinematecas; muitos deles eram de propriedade dos produtores, e não dos diretores.

Era uma situação muito séria, porque eu acho que preservação não é uma coisa apenas para historiadores e pesquisadores. Ela é algo que deve ser pensada primeiramente pelos realizadores. Por isso criamos a CineOP em 2006, um evento dedicado ao Cinema Patrimônio em uma “cidade patrimônio”, que é Ouro Preto. Começamos esse processo buscando dar visibilidade para a preservação, que era considerada o “patinho feio” da cadeia produtiva do audiovisual.

 

CF: O que mudou ao longo destes nove anos de CineOP?

RH: A preservação no Brasil era muito ligada ao eixo Rio-São Paulo, basicamente entre a Cinemateca do MAM, na capital carioca, e a Cinemateca Brasileira, na capital paulista. A gente queria que isso tomasse uma proporção maior e proporcionasse um diálogo entre todos os acervos e arquivos do Brasil. Agora, nesta nona edição da CineOP, já percebemos um número muito maior de pessoas engajadas a realizar um plano nacional de preservação.

A CineOP funciona como um foro privilegiado para a realização desse debate. Recentemente incorporamos a temática Educação se juntou à Preservação e à História, pois é através dela que poderemos aumentar a difusão do cinema brasileiro. Conseguimos obter uma evolução conceitual e atraímos cada vez mais a participação de pessoas da área de preservação.

 

CF: Como você entrou na área de realização de festivais? Você era cinéfila?

RH: Não entrei nesta área como cinéfila. Sou formada em Comunicação Social e tinha o interesse de trabalhar na área de eventos culturais. Nós (da Universo Produção) escolhemos o cinema por ver nele a conjugação de todas as artes. A gente não tinha um grande conhecimento do circuito de festivais, e fizemos a Mostra de Tiradentes pensando em contemplar as áreas de formação, reflexão, exibição e difusão do cinema, que era algo inovador entre eventos deste tipo.

 

CF: Como produtora experiente nesta área, como você qualifica o atual estágio do circuito de festivais no Brasil?

RH: Acho que o circuito de festivais é uma alternativa principalmente para os filmes brasileiros, que não têm espaço de exibição no próprio país. Independentemente do perfil, os festivais são complementares; quanto mais, melhor. O reconhecimento desse mercado que os festivais compõem hoje é um fato irreversível. O que a gente está buscando é o fortalecimento disso, e é possível que tenhamos novidades ainda neste ano, já que o Ministério da Cultura está planejando o lançamento do Programa Nacional de Apoio aos Festivais (PRONAF), que vai dar suporte a esse tipo de evento.

 

* O repórter viajou a convite da 9ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto

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