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Quatro perguntas sobre o 4º Festival ECRÃ

19/08/20 às 14:07 Atualizado em 19/08/20 as 14:11
Quatro perguntas sobre o 4º Festival ECRÃ

Começa nesta quinta, dia 20, e vai até o próximo dia 30 a quarta edição do Festival ECRÃ. Devido à pandemia da Covid-19, este ano o festival acontecerá de modo totalmente online e oferecerá uma programação gratuita com mais de cem obras, entre filmes, instalações e performances, através do endereço festivalecra.com.br.

A equipe do ECRÃ é formada pelos curadores Daniel Diaz, Gabriel Papaléo, Pedro Tavares e Rian Rezende e pelas produtoras Fernanda Paz, Jéssica Robalino, Barbara Karolina e Camila Assed. A pedido do Cine Festivais, Pedro Tavares respondeu por e-mail a quatro perguntas relacionadas à curadoria e programação do festival. (Para quem deseja conhecer alguns dos destaques do evento, também recomendamos este texto do curador)

Cine Festivais: Uma pesquisa realizada em 2018 levantou a existência de 360 festivais e mostras de cinema de ocorrência regular no Brasil. Tendo em vista tanto o cenário mais amplo de eventos cinematográficos brasileiros, quanto o grupo específico de festivais ocorridos na cidade do Rio de Janeiro, gostaria que você apontasse quais foram as motivações iniciais e as principais particularidades que levaram à criação do Ecrã.

Pedro Tavares: A primeira edição do ECRÃ aconteceu num espaço bem pequeno na Gávea, no Rio, com todas as obras selecionadas exibidas como instalações dialogando com o ambiente. No segundo braço, cerca de um mês depois, esses filmes foram exibidos na Cinemateca do MAM na experiência padrão do cinema.

O ECRÃ foi criado pelo Daniel Diaz, hoje coordenador geral do evento e curador das instalações e videoartes. Como eu havia saído da curadoria do Indie há um tempinho e tinha feito meu primeiro curta, Protocolo Spikes, que estava na seleção do primeiro ECRÃ, conversei com ele e com o Rian, também diretor do evento, para esticarmos a proposta do festival para os longas, médias, curtas e mantermos as instalações e videoartes. E assim partimos para o segundo ano do festival.

A abertura para obras de outras matizes artísticas (instalações e performances) e a preocupação com o modo de apresentá-las ao público sempre estiveram presentes na história do Ecrã. Levando em consideração que a experiência espectatorial passa sempre por questões espaço-temporais, de que maneira você tem lidado com a necessidade de migrar a programação para o ambiente online? Que impeditivos e que novas possibilidades você acredita que essa mudança traz?

As possibilidades para o online são amplas. Não só por ambientes virtuais como para pensarmos a própria estrutura do dispositivo como uma instalação. A tela do seu PC ou celular, o modem, os fios. O mesmo acontece nas redes sociais: usar a estrutura delas para exibirmos uma videoarte para o mundo inteiro como uma live, por exemplo. Muda-se a percepção, mas estamos abertos às novas propostas de imersão com a versão online.

O papel da curadoria não se esgota na seleção, pois passa também pela maneira com que os filmes são programados, dialogando entre si na mesma sessão ou no todo do festival. Como levar esse fator em conta diante da migração para o digital? A seleção já foi alguma vez influenciada pela potência de conexão entre dois ou mais filmes, não apenas por eles tomados separadamente? Ou a programação só é algo direta e indiretamente pensada após a seleção?

Isso é bem importante para nós: o diálogo entre os filmes. Eu citei na live da curadoria que o João Bénard da Costa programa um dia completo de filmes como se eles tivessem passagens secretas entre eles, algumas chaves que você só conseguiria notar se assistisse à sequência de filmes propostas. No nosso caso às vezes eles se complementam, outras eles se conflitam e em outras usam o mesmo ponto de partida para caminhos bem distintos – como o uso de dispositivos similares. É bem interessante ver os realizadores comentando nos debates como os filmes eram complementares e partindo de ideias tão diferentes. Para o digital a ideia é sugerir sessões duplas com curtas e longas.

A programação do 4º Ecrã apresenta trabalhos exibidos em festivais como Cannes, Berlim, Rotterdam e Locarno. Qual é a importância desse eventos para a curadoria do Ecrã? Há concorrência com outros festivais brasileiros por determinados filmes, ou o recorte estabelecido pelo Ecrã faz com que se dê importância a trabalhos não necessariamente incensados pela crítica e pelos júris desses eventos europeus?

Geralmente os filmes exibidos nestes festivais e que depois vão pro Ecrã não passam nos festivais brasileiros que pegam boa parte da programação deles, que são a Mostra de São Paulo e o Festival do Rio. É uma boa oportunidade de ver filmes com essa grife, mas que não chegam ao circuito, na tela grande. Nomes como Heinz Emigholz, Lewis Klahr, Lee Anne Schmitt, J.P Sniadecki, James Benning, etc. Outros festivais que têm filmes que não chegam por aqui são o FID Marseille, o CPH Dox e o Cinema du Rèel.

Eu não chamaria de concorrência, mas acredito que o Ecrã se complementa muito bem com o Olhar de Cinema, que acontece em Curitiba, e o Dobra, que acontece aqui no Rio. Outro festival que julgo muito importante é o Fronteira, que infelizmente não aconteceu nos últimos anos, mas torço para que volte em breve.

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