O que é viver em uma cidade grande? A grande questão levantada por O Castelo faz todo sentido para o atual momento de São Paulo. O quarteto de diretores formado por Alexandre Wahrhaftig, Guilherme Giufrida, Helena Ungaretti e Miguel Antunes Ramos filma uma crônica-documentário sobre a maior metrópole brasileira que, de tão real, mais parece ficção.
O título do curta faz referência a um condomínio fechado construído há poucos anos na zona sul paulistana. Fortificado como um castelo medieval, o local é um pequeno feudo para ricaços, uma cidade dentro da cidade. Possui torres residenciais, complexos de escritórios, shopping center, cinema, parques. Quem mora ali, não precisa sair. Encontra tudo o que é necessário para o trabalho, lazer, etc.
Não há nada mais terrível na São Paulo de hoje do que esse isolamento do convívio social realizado pelo estrato mais alto da população. Ainda mais quando a cidade anda na mão contrária, tornando-se um espaço mais democrático para todo tipo de cultura, cor, religião.
Por trás dos conceitos de “segurança” e “exclusividade”, um condomínio como esse só faz dividir pessoas, reforçar preconceitos e alienar. Sim, pois o mundo não é feito de lojas de grife no andar de cima, varandas gourmet e SUVs. Tem-se, então, um Soweto, um Gueto de Varsóvia às avessas: só entra quem “merece”, cidadão de bem, para evitar o contato com “isso tudo aí que está errado”.
A mensagem de O Castelo é menos contundente que a encontrada no ótimo E, curta anterior dessa mesma equipe (só que sem a presença de Guilherme Guifrida), também a respeito da desumanização das ruas paulistanas. Mas isso não diminui a importância da observação irônica, e ao mesmo tempo cansada, dos tempos modernos.
Nota: 7,0/10 (Bom)
Sessões de O Castelo no 26º Festival Internacional de Curtas de São Paulo:
– 22/8 – Sábado – 17h – Espaço Itaú de Cinema Augusta
– 23/8 – Domingo – 15h – Cine Olido
>>> Acompanhe nossa cobertura para o 26º Festival de Curtas de São Paulo