facebook instagram twitter search menu youtube envelope share-alt bubble chevron-down chevron-up link close dots right left arrow-down whatsapp back

Loja de Répteis, de Pedro Severien

16/09/14 às 13:56 Atualizado em 08/10/19 as 20:29
Loja de Répteis, de Pedro Severien

É inegável a força que os répteis têm em nossa cultura visual. Não raro, suas figuras são ornamentadas e misteriosas, sugerindo uma postura que fica entre o intimidador e o traiçoeiro. Não é por menos: os dinossauros foram reinantes, o camaleão muda de cor para se camuflar, várias cobras e lagartos são venenosos e os jacarés e crocodilos ostentam vasta fama como vilões de filmes de terror adolescente ou de especiais da Discovery. Particularmente, creio que o mais assustador num jacaré, por exemplo, é sua capacidade de ficar estático, empedrado, e, quando menos se espera, mover-se minimamente, como se quisesse apenas nos avisar que há vida naquela escultura escamosa.

Parte da potência dessa iconografia está a serviço do diretor Pedro Severien em Loja de Répteis, mais uma interessante peça de gênero oriunda de uma nova geração de cineastas brasileiros. Sob o clima de um horror expressionista, assistimos à oposição entre Aluisio (Fransérgio Araújo), dono de uma loja de répteis, e sua esposa, Claudia (Maeve Jinkings). Aparentemente quieto e arredio, ele tem uma estranha conexão com os animais, enquanto ela não vê a hora de venderem a loja e está disposta a tudo para se livrar dos “produtos”.

A tensão do enredo ganha roupagem pesada: uma câmera de espera, lenta e limpa, unida a uma fotografia bastante dramática, consciente do jogo de luz e sombra, e preocupada em fixar imagens fortes. Como é habitual no gênero, a trilha de impressão dissonante e o design de som são agentes importantes para os crescentes da narrativa. Dessa forma, a evolução dos conflitos vem a intensificar a crise conjugal e a atmosfera pesada que vai ganhando a tela.

O drama psicológico vivido pelo casal alude aos negócios que não dão certo e ao quanto a necessidade de se sustentar e a distribuição de responsabilidades pode arruinar uma relação afetiva. No mais, lembra, por meio de boas analogias visuais, o quanto somos animalescos e como essa face pode dar as caras quando estamos com a consciência perturbada ou com os nervos aflorados.

Nota: 7,0/10 (Bom)

 

Leia também:
>>> Entrevista com a atriz Maeve Jinkings

Entre em contato

Assinar

Siga no Cine Festivais