O III Festival de Finos Filmes, que acontece em São Paulo entre os dias 6 e 10 de maio, no Museu da Imagem e do Som, na Faap e na Matilha Cultural, tem como um dos destaques a expressiva presença de animações na programação. Entre os 16 filmes que compõem a mostra competitiva, cinco fazem uso da técnica. Há ainda uma seção dedicada apenas a curtas-metragens de animação vindos da Holanda, país que pelo segundo ano consecutivo ganha espaço graças a uma parceria do festival com a EYE International.
“A Holanda tem uma tradição muito grande na animação, principalmente nos curtas. Entre os filmes que assisti, havia vários do tipo, por isso resolvi reunir apenas eles nessa seção. Já para a mostra competitiva a presença de animações não foi algo planejado. Viajei no início do ano para o Festival de Clermont-Ferrand, na França, e boa parte dos filmes que mais gostei eram de animação, por isso tivemos esse bom número de filmes selecionados”, explica Felipe Arrojo Poroger, que neste ano realizou a direção e curadoria do festival sem a companhia de Quico Meirelles, parceiro nas outras duas edições.
Como esperado, o bom momento brasileiro entre as animações – que rendeu prêmios nos últimos três anos no prestigiado festival francês de Annecy para os longas Uma História de Amor e Fúria, de Luiz Bolognesi e O Menino e o Mundo, de Alê Abreu, e para o curta Guida, de Rosana Urbes – se reflete na seleção de dois trabalhos do cinema nacional que utilizam a técnica: Cartas, de David Mussel, e Edifício Tatuapé Mahal, de Carolina Marcowickz e Fernanda Salloum.
Este último foi premiado como melhor roteiro no Festival de Paulínia de 2014 e rodou diversos festivais pelo País. Bem-humorado, o trabalho realizado com a técnica de stop motion conta a história de um boneco de maquete argentino que decide sair de São Paulo após uma decepção amorosa.
O interesse da curadoria em selecioná-lo para o III Festival de Finos Filmes está relacionado não apenas à relevância da safra de animações, mas também à ligação temática que o curta possui com a ocupação do espaço público e a lógica da especulação imobiliária, temas que serão foco de um debate que reúne os diretores dos curtas O Teto Sobre Nós (Bruno Carboni) e O Castelo (Helena Ungaretti, Guilherme Giufrida, Alexandre Wahrhaftig e Miguel Antunes Ramos).
Os debates, aliás, são uma novidade na edição deste ano. Na segunda, dia 9, a conversa será sobre a produção e financiamento de curtas-metragens. Na Faap, às 19h30, serão exibidos os filmes A Navalha do Avô, de Pedro Jorge, e Dá Licença de Contar, de Pedro Serrano. Em seguida, os realizadores conversam sobre o tema com Eduardo Raccah, coordenador internacional da Spcine.
Internacionalização
Além de curador, Felipe Arrojo Poroger também é diretor de cinema. No ano passado, na mesma sessão em que o seu curta Enquanto o Sangue Coloria a Noite, Eu Olhava as Estrelas estreou no Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, estava um filme que lhe chamou a atenção: “É um dos grandes filmes que vi nos últimos tempos, de uma força tremenda, bastante sufocante”, comenta sobre o filme Listen, dirigido por Hamy Ramezan e Rungano Nyoni.
O impacto fez com que ele não só exibisse o curta no festival, como também organizasse um panorama com filmes da Finlândia, país no qual foi realizada a produção, que traz a história de uma mulher muçulmana que vive em um país europeu e decide ir à polícia para denunciar os maus tratos que sofre do marido.
Além disso, Ramezan e Nyoni farão parte do júri do festival, que contará ainda com o brasileiro João Paulo Miranda Maria, recém-selecionado para participar da competição oficial do Festival de Cannes com o curta A Moça que Dançou com o Diabo.
Serviço
III Festival de Finos Filmes
Data: De 6 a 10 de maio de 2016
Locais: Museu da Imagem e do Som (Avenida Europa, 158 – Jardim Europa – São Paulo – SP), Faap (Rua Alagoas, 903 – Higienópolis – São Paulo – SP) e Matilha Cultural (Rua Rêgo Freitas, 542 – República – São Paulo – SP)
Entrada gratuita
