Homenageado na 10ª edição da CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto -, o ator Milton Gonçalves já participou de mais de 60 filmes ao longo de sua vasta carreira.
No currículo, ele tem a honra de ter recebido o prêmio de Melhor Ator nos dois festivais de cinema mais tradicionais do País: Gramado (2004, por Filhas do Vento, de Joel Zito Araújo) e Brasília (1975, por A Rainha Diaba, de Antônio Carlos da Fontoura).
Em entrevista coletiva concedida nesta sexta-feira em Ouro Preto, Milton Gonçalves destacou o papel dos festivais como ponto de encontro de amigos e profissionais do audiovisual.
“Para mim os festivais servem para trocar opiniões e ideias entre pessoas do cinema, ouvir sugestões de roteiro… São também um espaço muito bom para encontrar e rever amigos, como está acontecendo aqui em Ouro Preto com o Antônio Carlos (da Fontoura), que eu não via há um bom tempo. Mostrar os trabalhos também é muito bom, mas eu gosto de destacar esses outros aspectos dos festivais”, ressalta o ator.
“Atuar é simples”
O último trabalho de Milton Gonçalves no cinema ainda não tem data de estreia prevista para o Brasil. Pelé, dirigido pelos americanos Jeff e Michael Zimbalist, ficcionaliza a trajetória do Rei do Futebol. Na trama, falada em inglês, o ator interpretou Waldemar de Brito, homem que ficou conhecido por levar o craque de Bauru para Santos, onde Edson Arantes do Nascimento viria a ganhar toda a sua fama.
Com uma carreira das mais prolíficas no cinema, na TV e no teatro, Milton diz que seu ofício é muito simples. “Você tem que olhar nos olhos dos outros e falar com um tom de voz que mostre que você acredita no que está dizendo. O ouvinte pode concordar ou discordar do que está sendo dito, mas tem que respeitar a maneira como você fala”.
Funcionário da TV Globo desde a fundação da emissora carioca, nos anos 60, o ator acredita que as telenovelas atuais precisam melhorar tanto na atuação quanto na direção.
“Hoje em dia, quando você assiste a uma novela, há quatro ou cinco atores e atrizes maravilhosos, mas o resto não entende o que está falando. Só é possível se fazer entender quando se fala com o coração. Grande parte dos diretores de TV não sabem dirigir, tirar o melhor do ator”, opina.
Não participamos do comando desse pais e somos maioria, quantos presidentes governadores não tem mais ninguém, falta de nos negros a gente atuar mais sinto isso fato de estar na globo lutei muito alguns momentos fechei minha boca porque se falasse o que queria teria que sair na mao, meio de produção de arte, nem na escola de samba mais a gente está, hoje tem novelas que mostram favela e não tem negro na favela.
Luta negra
Assim como fez no discurso da noite de quinta-feira, quando recebeu a homenagem na CineOP, Milton Gonçalves destacou a necessidade de os negros adquirirem uma maior representatividade nos diversos setores da economia brasileira, fazendo jus ao fato de ser maioria da população brasileira (segundo o Censo de 2010, 50,7% da população do País é formada por negros ou pardos).
“Não participamos do comando desse país, apesar de sermos maioria. Faltam negros no Congresso, no Supremo Tribunal Federal… Não estamos mais nem nas escolas de samba, e hoje tem novelas que mostram a favela e não tem um negro”, declarou Milton.
*O repórter viajou a convite da 10ª CineOP
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Foto acima: Leo Lara/Universo Produção