O cineasta português Miguel Gomes está desenvolvendo um projeto que tem como ponto de partida o clássico Os Sertões, de Euclides da Cunha, livro seminal sobre a Guerra de Canudos. A ideia do diretor é de que o filme seja dividido como na obra original de Euclides, em três partes: A Terra, O Homem e A Luta.
O novo trabalho, divulgado em primeira mão pelo Cine Festivais, guarda semelhanças com o último filme de Miguel Gomes, a trilogia As Mil e Uma Noites, que teve como base inicial o clássico da literatura oriental, embora sem qualquer pretensão de recriá-lo de maneira literal.
Em As Mil e Uma Noites: Volume 3, O Encantado, já havia na tela um prenúncio da admiração do cineasta português pelo autor brasileiro. Há ali uma referência ao controverso caso do assassinato de Euclides da Cunha por um jovem militar, amante da mulher de Euclides.
Quando esteve em São Paulo, no ano passado, para apresentar a trilogia na Mostra Internacional de Cinema, Miguel disse que aquele era seu “filme tropicalista” e comentou sobre sua admiração pela cultura brasileira – vista, por exemplo, no uso de O Samba da Minha Terra, em versão d’Os Novos Baianos, também no terceiro volume de As Mil e Uma Noites. Naquele momento, ele já expressava seu desejo de realizar um projeto relacionado ao Brasil.
Diretor de som de todos os longas-metragens de Miguel Gomes, Vasco Pimentel carrega em seu smartphone já há algum tempo a obra completa de Euclides da Cunha e teve diversas conversas com o cineasta sobre o futuro projeto. “Já falamos tudo sobre o som do Euclides”, conta.
Produtor dos filmes de Miguel Gomes, Luis Urbano não confirmou a informação do Cine Festivais. “O que posso dizer nesta altura é que estou a avaliar com o Miguel sobre qual será o próximo filme dele e que o mais certo será anunciar essa decisão durante o Festival de Cannes de 2017”, afirmou.
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