Certas histórias têm grande potencial fílmico, mas acabam maculadas pela falta de ritmo e inexperiência do diretor – certamente o caso deste longa francês, o primeiro de Thierry de Peretti.
No filme, cinco adolescentes franceses da região de Córsega passam a noite em uma mansão desocupada e furtam alguns itens da casa. Os donos do local voltam antes do esperado e conseguem descobrir onde estão os objetos roubados – com exceção de dois fuzis, que permanecem desaparecidos. A ausência inicia uma crise no jovem grupo reunido naquela noite.
O longa acumula ótimos momentos, mas demora demais para mostrá-los. Desde a introdução, que é mais bucólica que simbólica, o filme apresenta atraso excessivo para lançar suas cartas, tendo um salto de qualidade muito tardiamente. O ponto alto do conflito entre os jovens e suas consequências carregam uma tensão notável e mostram o quanto esse poderia ser um bom filme, mas não conseguem justificar o longa como todo.
Em uma das falas mais memoráveis do filme, um adolescente diz ao outro: “Ainda somos jovens, veremos coisas muito piores.” Há um tom de desolação e pouca perspectiva nos personagens centrais que casa muito com a visão que eles têm das armas e da própria capacidade de matar. No aspecto de conseguir ilustrar a falta de consciência diante desses elementos, Peretti matou a pau.
Ainda assim, Os Apaches é apenas a sombra do filme que poderia ter sido. O roteiro poderia ser um pouco mais enxugado, deixando espaço para os grandes momentos do filme, que ocorrem após o conflito ser iniciado. Como não é o caso, o mal estar ocorre menos pela narrativa em si e mais pela falta dela.
Nota: 6/10 (Regular)