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Copa estimulou a produção de filmes sobre futebol, diz diretor do CINEfoot

21/05/14 às 17:10 Atualizado em 21/05/14 as 18:47
Copa estimulou a produção de filmes sobre futebol, diz diretor do CINEfoot

Em tempos de preocupação com o legado da Copa do Mundo no Brasil, o CINEfoot – Festival de Cinema de Futebol não se apega ao Mundial para obter a sua continuidade. Criado em 2010 pelo produtor cultural Antonio Leal, o evento chega neste ano à sua quinta edição consecutiva, e será realizado pela primeira vez em Belo Horizonte (30 de maio a 4 de junho). São Paulo (de 29 de maio a 3 de junho) e Rio de Janeiro (de 22 a 27 de maio) são as outras sedes do festival, que oferece entrada gratuita a todas as sessões.

“O CINEfoot não surgiu para a Copa do Mundo, mas sim para abrir uma oportunidade para os filmes de futebol, que nós sabíamos que, pelo menos na parte internacional, existiam em bom número.”, explica Leal. A proximidade da Copa, contudo, serviu como incentivo para o evento deste ano. Pela primeira vez, o número de filmes brasileiros exibidos no CINEfoot será maior do que o de produções estrangeiras, fato que o produtor atribui ao Mundial de futebol.

A Copa do Mundo também servirá para que o CINEfoot execute um projeto ambicioso: em todas as 12 cidades-sede do evento futebolístico, no período entre os dias 10 de junho e 12 de julho, haverá sessões especiais do festival. A quantidade de sessões será diferente em cada localidade, e a programação poderá ser encontrada no site oficial do Festival de Cinema de Futebol.

O CINEfoot é o único festival deste tipo no Brasil e na América Latina. No mundo, o principal evento com filmes exclusivamente sobre futebol é o 11mm, sediado em Berlim (Alemanha). O festival alemão, aliás, é o responsável pela curadoria da Mostra Paixão e Agonia – O Futebol no Cinema Europeu e Sul-americano, que será realizada entre os dias 4 e 7 de junho no Centro Cultural São Paulo e, com o apoio do festival brasileiro, servirá como uma continuação do evento.

O Cine Festivais conversou com Antonio Leal, diretor e idealizador do CINEfoot, a respeito do evento deste ano, que terá obras sobre a história do Guarani e acerca de momentos históricos de Palmeiras e Corinthians. Leia a seguir os principais pontos da entrevista.

>>> Filme sobre Guarani será exibido em palco marcante

Filme sobre Democracia Corinthiana é um dos destaques

 

Cine Festivais: Você tem notado um crescimento na produção de filmes de futebol? Qual é a importância do festival no incentivo à produção desse tipo de obra?

Antonio Leal: Existem dois cenários distintos. Fora do país já há uma produção sustentável de longas e curtas-metragens, que se renova com frequência. No Brasil a produção tem avançado especialmente nos curtas-metragens, já que os longas precisam de mais tempo e dinheiro para serem feitos.

O destaque deste ano, que tem a ver com a Copa do Mundo no país, é que pela primeira vez o festival terá mais produções brasileiras do que internacionais. A Copa estimulou os produtores a incrementarem suas produções e tentarem finalizá-las a tempo de passar, por exemplo, no CINEfoot.

Nosso festival contribui modestamente para essa produção graças à sua regularidade. O CINEfoot surgiu para abrir essa oportunidade para os filmes de futebol, que nós sabíamos que, pelo menos na parte internacional, existiam em bom número. Por sermos o único evento de filmes de futebol no Brasil e na América Latina, servimos também como uma garantia de que o produtor terá ao menos um espaço para poder exibir sua obra.

 

CF: O público vem crescendo com o passar das edições?

AL: Sim. Neste ano teremos pela primeira vez o evento em Belo Horizonte, que se junta a São Paulo e Rio de Janeiro como uma de nossas sedes. Em 2013 já percorremos as seis cidades que abrigaram os jogos da Copa das Confederações e fizemos sessões especiais de filmes do festival. Neste ano faremos o mesmo, só que nas 12 cidades que receberão jogos da Copa.

Vai ser uma missão árdua, mas vamos fazer isso para demonstrar nosso interesse em levar essa cinematografia, que raramente chega aos cinemas, a um público maior. Em cada cidade haverá um número de sessões diferente (a programação será publicada no site oficial do evento). Em Manaus, por exemplo, vamos ficar quase um mês em cartaz.

 

CF: Como funciona a escolha dos premiados e quais são os destaques do festival deste ano?

AL: O CINEfoot não tem júri técnico: é o público quem avalia os filmes e decide os premiados, que recebem a Taça CINEfoot. Nós sempre procuramos valorizar a produção local, por isso a programação é um pouco diferente em cada cidade. Em São Paulo, por exemplo, vamos ter a estreia de 12 de junho de 1993 – O Dia da Paixão Palmeirense, um filme importante por ser lançado no ano do centenário do clube. Temos também um filme sobre o Guarani (Bugrinos – O Filme do Guarani Futebol Clube) e outro sobre a Democracia Corinthiana (Democracia em Preto e Branco), entre outros destaques.

Entre os filmes internacionais, estamos levando para São Paulo dois filmes inéditos no Brasil: o alemão Istambul United, que conta como as principais torcidas rivais da Turquia se uniram para protestar contra o governo, e o búlgaro Stoichkov, que fala sobre o craque Hristo Stoichkov. Os diretores desses dois filmes estarão em São Paulo acompanhando a exibição.

>>> Conheça os filmes que competem no CINEfoot em 2014

>>> Leia texto sobre Democracia em Preto e Branco

 

CF: Muitas pessoas dizem que o futebol é um esporte muito mais difícil de ser representado ficcionalmente do que o basquete e o boxe, por exemplo. Isso se relaciona com o fato de a maioria das obras do CINEfoot ser formada por documentários?

AL: Essa disputa ficção x documentário é muito mais equilibrada nos filmes internacionais. A cada ano que passa chegam para nós mais filmes que tratam o futebol de modo ficcional. Eles não necessariamente mostram jogadores treinando e jogando o tempo inteiro, mas aproveitam o tema para contar suas histórias.

No Brasil isso ainda não acontece, com raras exceções. O documentário domina a cena muito fortemente, até porque ainda temos muitas histórias marcantes de nosso futebol para contar. Para isso se alterar, acho que teríamos que investir fortemente no campo do roteiro. Temos exemplos de um bom uso ficcional do futebol, como em Heleno, de José Henrique Fonseca, e Linha de Passe, de Walter Salles, mas precisamos avançar nesse aspecto.

 

CF: Como organizador do festival, quais são as dificuldades encontradas para viabilizá-lo e como seria possível facilitar a realização desses eventos?

AL: Organizar um festival de cinema, ainda mais com uma proposta de continuidade, traz uma responsabilidade muito grande, já que é preciso adquirir uma sustentabilidade do ponto de vista financeiro. Como somos um festival temático, buscamos recursos com empresas que atuem nas áreas esportiva e cultural.

Acompanho esse setor (de festivais e mostras de cinema) e percebo que a dificuldade de viabilizar projetos desse tipo cresce a cada ano. Por mais que sejamos organizados, a cada ano parece que recomeçamos do zero, no sentido da busca por patrocínio e da fidelização de parceiros. Nós estamos apenas na quinta edição, mas isso também ocorre com festivais mais consolidados. E aí a questão passa pela paixão do organizador por aquilo que faz, de aceitar esse desafio todo ano e buscar formas possíveis de viabilizar os eventos.

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