Quem acompanha o Festival de Cinema Judaico de São Paulo, que terá a sua 18ª edição entre os dias 5 e 10 de agosto de 2014, sabe que o evento não se limita à escolha de filmes estritamente religiosos. Obras que abordem temas culturais, políticos ou sociais relacionados de alguma forma ao universo judaico também entram na programação. Da mesma maneira, o evento não deseja atrair apenas o interesse de um público adulto ligado à comunidade judaica.
Uma das novidades deste ano no festival é a mostra Com um Toque de Música, que reúne sete filmes em que a música – elemento cultural forte entre o povo judeu – e seus principais ícones (como a cantora Amy Winehouse) são a temática central. “Tentamos trazer filmes de temática mais jovem, como documentários musicais, de personalidades, com questões universais e atuais, para despertar o interesse dos mais jovens e dos que não estão ligados ao judaísmo”, explica Daniela Wasserstein, curadora do evento desde a sua primeira edição.
Em entrevista por e-mail ao Cine Festivais, Daniela falou sobre a trajetória do Festival de Cinema Judaico de São Paulo e apontou os destaques do evento deste ano.
Cine Festivais: Quais características fazem um filme ser considerado judaico por você?
Daniela Wasserstein: A temática judaica é bastante ampla. Os filmes abordam aspectos religiosos, culturais, políticos, sociais, etc., que existem dentro da cultura de um povo. Existe o pensamento judaico, o humor judaico, a identidade judaica, e por ai vai. Muitas vezes são elementos sutis de um filme, como um personagem secundário judeu ou um momento histórico, que podem definir sua participação.
CF: Qual é o perfil do público do festival? Como o evento vem tentando atrair um público mais jovem e não necessariamente ligado ao judaísmo?
DW: A maioria do público é da comunidade judaica, mas o público não judaico vem aumentando a cada ano, interessado em cinema de qualidade e alternativo. A faixa etária predominante ainda está acima dos 35/40 anos. Tentamos trazer filmes de temática mais jovem, como documentários musicais, de personalidades, com questões universais e atuais, para despertar o interesse dos mais jovens e dos que não estão ligados ao judaísmo.
CF: Como funciona o processo de seleção de filmes? Você viaja em busca de novidades? Recebe indicações de festivais estrangeiros?
DW: Como a equipe é muito pequena, não podemos viajar. Recebo ajuda de muitos parceiros no exterior que indicam filmes e dos outros festivais judaicos pelo mundo.
CF: Por que o festival resolveu criar uma mostra especial para filmes relacionados a temas musicais? Comente sobre a importância da exibição do filme Mamele.
DW: A ideia é atrair o público jovem. Mamele é um grande clássico que foi restaurado recentemente e não poderia ficar de fora. O filme conta com a atriz Molly Picon, na época conhecida como “a rainha do musical iídiche”, e foi recentemente restaurado pelo The National Center for Jewish Film. O filme será exibido somente uma vez na programação do Festival, no domingo, dia 10.
CF: O que mudou no tamanho do festival e na sua concepção ao longo destas 18 edições?
DW: O número de salas e o número de filmes aumentou muito. No momento, não queremos ampliar mais para podermos colocar os títulos em bons horários, e trazer uma seleção realmente de alto nível .
CF: Quais filmes da seleção deste ano você apontaria como destaques?
DW: Acima e Além, Adeus Bagdá, Um Viajante, Fim da Estação e muitos outros, pois é difícil escolher. Cada filme tem sua história, seu particular.
CF: O que a incentiva a seguir fazendo a curadoria deste festival?
DW: Eu adoro cinema. Trabalhei 15 anos no MIS, e trabalho na produção de outros festivais de cinema da cidade. É muito divertido e gratificante. Tenho um carinho especial pelo Festival Judaico, que desde a 1ª. edição eu organizo e faço a seleção dos filmes.
Serviço
18º Festival de Cinema Judaico de São Paulo
Locais: Hebraica – Teatros Arthur Rubinstein e Anne Frank (Rua Hungria, 1000 – Jardim Europa – São Paulo – SP), CineSesc (Rua Augusta, 2075 – Cerqueira César – São Paulo – SP), Cinemark Pátio Higienópolis (Av. Higienópolis, 646 – Higienópolis, São Paulo – SP) e Centro da Cultura Judaica (R. Oscar Freire, 2500 – Sumaré – São Paulo – SP).
Data: De 5 a 10 de agosto de 2014
Ingressos: Teatro Anne Frank (Hebraica) e Centro da Cultura Judaica: gratuitos. Teatro Arthur Rubinstein (Hebraica), CineSesc e Centro da Cultura Judaica: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).