facebook instagram twitter search menu youtube envelope share-alt bubble chevron-down chevron-up link close dots right left arrow-down whatsapp back

Com DNA periférico, Festival Entretodos chega à 8ª edição

07/10/15 às 15:00 Atualizado em 08/10/15 as 17:25
Com DNA periférico, Festival Entretodos chega à 8ª edição

Criado em 2007 através de uma iniciativa da então Coordenadoria de Direitos Humanos (atual Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania) da Prefeitura de São Paulo, o Entretodos – Festival de Curtas de Direitos Humanos – deixou de lado a proposta inicial de ser apenas mais um evento do tipo na cidade e conseguiu se diferenciar graças ao público que atinge.

“Constatamos aos poucos que nosso DNA era falar com a população mais periférica, que enfrenta o desrespeito aos direitos humanos de uma forma mais presente”, explica Jorge Grinspum, que realiza a curadoria do festival desde a sua primeira edição ao lado de Manuela Sobral.

Entre 5 e 9 de outubro, o Entretodos vai realizar exibições em 76 pontos de exibição, como centros culturais, salas de cinema, cineclubes, CEUs, escolas municipais, praças e parques que abrangem todas as regiões da cidade de São Paulo. Serão mais de 300 exibições, todas elas com entrada gratuita (conheça a programação completa neste link).

Neste ano, a mostra competitiva do festival conta com 28 curtas-metragens, sendo 14 nacionais e 14 internacionais, vindos de países como Senegal, Alemanha, Singapura, França, Reino Unido, Irã, França, Iraque e Ucrânia.

“Esse ano o tema mais atendido na programação foi a questão de gênero, talvez porque ele vem sendo muito discutido no mundo todo. No ano passado havia vários filmes sobre os protestos de junho de 2013, e provavelmente no ano que vem haverá mais produções sobre a Copa do Mundo, que já estão presentes na programação deste ano. A programação sempre reflete em alguma medida as tendências e os acontecimentos recentes”, comenta o curador.

O Entretodos tem o objetivo de promover o cinema independente, valorizando o audiovisual como ferramenta de formação de educadores e o aproximando da população. Para isso, no entanto, a curadoria optou, desde a edição inaugural, por buscar filmes que não sejam panfletários e que fujam do aspecto denuncista geralmente associado a filmes que tratam do assunto, principalmente documentários.

“Se um filme-denúncia muito bom for inscrito, ele vai entrar no festival. Acontece que temos uma preocupação grande em não ideologizar o festival. Somos apartidários, tanto é assim que passamos por duas gestões e não sofremos nenhum tipo de intervenção. Queremos filmes que tratem dos Direitos Humanos de forma mais aberta e menos estereotipada”, explica Jorge.

Os curtas premiados pelo Júri Oficial irão juntar-se ao vencedor do Melhor Curta-Metragem escolhido pelo voto popular. O valor das premiações chega a R$ 7 mil. Nesta edição, o Júri é formado por Cláudia Mogadouro (ECA-USP), João Whitaker (FAU-USP), Letícia Santinon (CCSP), Mariana Coelho (SPCine) e os cineastas Francisco César Filho, Jurandir Müller, Matias Mariani, Renato Barbieri e Tata Amaral.

 

Educação e futuro

Um trabalho destacado pelo curador são as oficinas de formação promovidas pela rede municipal com o intuito de conscientizar os professores sobre a importância dos Direitos Humanos. Só este ano, dois mil docentes participaram desse programa, que visa dar subsídios para que eles estejam preparados para lidar com os alunos durante as exibições do Entretodos.

“A intolerância ao tratamento de certas temáticas vem muitas vezes não dos alunos, mas da escola, do professor, dos pais. Em alguns lugares, Direitos Humanos virou um palavrão, o que é uma pena. Nós tentamos usar o nome Entretodos, porque é comum que o termo ‘Direitos Humanos’ gere desconfiança em certas localidades. Por isso é importante esse trabalho de educação não só dos alunos”, declara Jorge.

Desde a sua edição inicial, o Entretodos só não ocorreu em 2009. Com a crise econômica afetando investimentos na área cultural e as eleições municipais marcadas para o próximo ano, o curador espera que a trajetória do festival continue regularmente nos próximos anos, mas não pode garantir isso.

“O Entretodos é um festival que não demanda muito orçamento. Sobre a questão eleitoral, a única política que fazemos é a de Direitos Humanos. Estamos à disposição para quem quiser cuidar do assunto, mas é claro que tudo pode acontecer. Se chegar algum xiita na Prefeitura e quiser acabar com tudo, provavelmente a gente vai ter problema”, diz.

 

Serviço

8º Entretodos – Festival de Curtas de Direitos Humanos

Data: De 5 a 9 de outubro de 2015

Locais: 76 pontos de cultura na cidade de São Paulo (consultar programação)

Site: http://www.entretodos.com.br/

Entrada gratuita

Entre em contato

Assinar

Siga no Cine Festivais