Abaixo você encontra informações atualizadas sobre o curso online oferecido pelo editor do Cine Festivais, Adriano Garrett.
Proposta: Tendo como ponto de partida as transformações ocorridas no cenário audiovisual brasileiro ao longo do século XXI, particularmente nos últimos dez anos, pretende-se debater as reverberações estéticas decorrentes de questões como o barateamento trazido pelas tecnologias digitais, o grande aumento do número de cursos de audiovisual, a descentralização geográfica da produção e a maior visibilidade de filmes produzidos por grupos contra-hegemônicos (mulheres, negros, LGBTs, indígenas). Para isso, o curso propõe análises de (e relações entre) curtas brasileiros contemporâneos.
Módulo 1: de 17 a 21/8 – das 15h às 17h30
Módulo 2: de 31/8 a 4/9 – das 20h às 22h30
Duração: 12,5 horas / 5 aulas de 2h30
Investimento: 1 módulo – 100 reais / 2 módulos – 180 reais
Forma de pagamento: transferência bancária ou boleto
Inscrições: clique aqui e preencha o formulário
Vagas para bolsistas: inscrições encerradas. Serão escolhidas entre quem preencheu o formulário correspondente
Matrícula: Até a data de início de cada turma (sujeito a lotação). A matrícula só é efetivada após envio de comprovante de pagamento para o e-mail cursos@cinefestivais.com.br
Dúvidas: pelo e-mail cursos@cinefestivais.com.br
Obs: Caso algum aluno perca a aula ao vivo, será disponibilizada a gravação da mesma no dia seguinte
Programa
Módulo 1 – “Enquanto houver espaço, corpo, tempo e algum modo de dizer não… eu filmo”
Aula 1 – Curtas Brasileiros Hoje
A aula pretende introduzir o contexto do audiovisual brasileiro contemporâneo, dando ênfase à transição dos anos 1990 para os anos 2000. A intenção é refletir sobre os impactos trazidos pelo boom da produção de curtas-metragens, destacando sobretudo a necessidade de fornecer identidade(s) a conjuntos cada vez mais amplos de filmes – algo que acaba sendo proposto, em alguma medida, através de uma ideia de curadoria stricto sensu que se estabelece em alguns festivais de cinema brasileiros.
Aula 2 – Imagem
Tendo em vista o barateamento promovido pelas novas tecnologias de captação e pós-produção, a aula terá como ponto de partida uma pergunta central: o que pode o digital? Interessa-nos pensar filmes que levantem questionamentos a respeito da criação de imagens e de imaginários e/ou que desloquem lugares preestabelecidos do dito “cinema autoral”.
Aula 3 – Espaço
A aula irá analisar filmes que trabalhem de maneira interessante/inventiva com a noção de “espaço”, considerada tanto em termos narrativos quanto no sentido geográfico – tendo em vista a notória descentralização da produção brasileira contemporânea. Temos interesse em pensar como esses trabalhos lidam com a ideia de “contraste”, seja pelo uso do campo/extracampo e/ou pela afirmação de um lugar a partir do embate/negação de outro (como na dicotomia periferia-centro).
Aula 4 – Corpo
A partir da noção de performatividade e da dicotomia retração/expansão, serão analisados filmes que são destacadamente conduzidos pelos corpos de seus/suas atores/atrizes, produzindo sentidos múltiplos que abarcam questões como a exploração do trabalho, a violência de gênero e o racismo.
Aula 5 – Tempo
A transição para o cinema digital foi acompanhada em um primeiro momento pela exaltação da ideia de que ela possibilitaria a expansão ininterrupta do tempo de filmagem de um plano, algo que não ocorria com a película por uma limitação física e financeira. Nesta aula vamos pensar filmes que não necessariamente apostam em uma longa duração de planos, mas que trabalham de maneira particular a noção do tempo narrativo.
Módulo 2 – Reverberações históricas
Aula 1 – Retratos de Classe
Filme-disparador: Retrato de Classe (Gregório Bacic, 1977)
O retrato em suas múltiplas possibilidades: disparador de memórias, escombro de uma geração, evocador de apagamentos, perpetuador de existências, guardião de narrativas hegemônicas que precisam ser subvertidas.
Aula 2 – Contradições Urbanas
Filme-disparador: Brasília: Contradições de Uma Cidade Nova (Joaquim Pedro de Andrade, 1967)
O fracasso da cidade-modelo é símbolo de um projeto de desordem e opressão social que predomina no Brasil. Olhar para os desarranjos urbanos é um caminho para visibilizar fardos e espectros brasileiros que se escondem na aparência da normalidade cotidiana.
Aula 3 – Revoltas
Filme-disparador: Meio-Dia (Helena Solberg, 1970)
Em sua obra-prima, realizada justo na fase mais sanguinária da Ditadura Civil-Militar, Helena Solberg evocava a possibilidade de revolta a partir do olhar infantil. No cinema contemporâneo brasileiro, onde estão e como se articulam os corpos revoltosos?
Aula 4 – O trabalho em transformação
Filme-disparador: Chapeleiros (Adrian Cooper, 1983)
Nos anos 80 Adrian Cooper já documentara a ressaca de uma fábrica e o fim de determinado entendimento coletivo da classe trabalhadora. Nos dias de hoje, com a uberização da vida, de que formas o curta-metragem brasileiro tem tentado representar essa questão?
Aula 5 – Celebrações fúnebres
Filme-disparador: Di (Glauber Rocha, 1977)
O meme do caixão está aí para atestar como a morte e seus rituais são encaradas de formas diferentes a depender de cada arcabouço cultural. Se nos anos 70 o filme de Glauber no velório de Di Cavalcanti levantou uma batalha jurídica e questões éticas, hoje em dia ainda estão muito presentes questões acerca da representação da morte e de seus rituais. Aqui nos interessa filmes desviantes em relação a uma noção cartesiana de vida/morte e passado/presente/futuro.
Sobre o professor: Adriano Garrett é jornalista, crítico e pesquisador de cinema. Mestre em Comunicação Audiovisual pela Universidade Anhembi Morumbi, com dissertação sobre curadoria em festivais de cinema brasileiros contemporâneos. Idealizador e editor do site Cine Festivais, que oferece um olhar diferenciado sobre o cinema independente contemporâneo, com especial atenção para a produção brasileira de curtas, médias e longas-metragens. Também é membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) e tem textos publicados nos livros Curta Brasileiro – 100 Filmes Essenciais, Documentário Brasileiro – 100 Filmes Essenciais e Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais, ambos organizados pela entidade.
Vagas limitadas
Plataforma utilizada: Zoom
Bibliografia (provisória): [Não há leituras obrigatórias prévias ao curso, mas serão indicados textos/livros de apoio, alguns dos quais estão listados abaixo.]
ALMEIDA, Carol. A cura pelo cinema. Fora de Quadro, Recife, 2018. Disponível em: <https://foradequadro.com/2018/10/12/a-cura-pelo-cinema/>.
ANDRADE, Lucas; LESSA, Pedro; VITERBO, Tomaz. Catálogo da Mostra Periferia da Imagem. Rio de Janeiro: Caixa Cultural, 2018. Disponível em: <https://issuu.com/tj70/docs/catalogo_cinema_periferia_da_imagem>
AUGUSTO, Heitor et al. Catálogo do 20º FestCurtasBH. Disponível em: <http://www.festivaldecurtasbh.com.br/wp-content/uploads/2018/08/20_FESTCURTASBH_online.pdf>
AUGUSTO, Heitor. Diálogo entre cinema, performance e artes visuais. Disponível em: <http://amlatina.contemporaryand.com/pt/editorial/dialogue-between-cinema-performance-and-the-visual-arts/>.
CARNEIRO, Gabriel; SILVA, Paulo Henrique (Orgs.). Curta Brasileiro – 100 Filmes Essenciais. Belo Horizonte: Letramento, 2019.
CESAR, Amaranta. Que lugar para a militância no cinema brasileiro contemporâneo? Interpelação, visibilidade e reconhecimento. REVISTA ECO-PÓS, v. 20, n.2, p. 101-121, 2017. Disponível em: <https://revistas.ufrj.br/index.php/eco_pos/article/download/12493/8743>
CINTRÃO, Rejane. As montagens de exposições de arte: dos Salões de Paris ao MoMA. In: RAMOS, Alexandre Dias (Org.). Sobre o ofício do curador. Porto Alegre: Zouk, 2010. p. 15-41.
Filmografia: Será disponibilizada para os/as alunos/as do curso por e-mail e durante as aulas. Os filmes estão em sua quase totalidade disponíveis no Youtube e/ou no Vimeo.