Ainda nos anos 90, quando acabara de lançar o seu segundo curta-metragem, Parabéns!, o cineasta português João Pedro Rodrigues veio ao Brasil para apresentar a obra na oitava edição do Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade. Quase duas décadas depois, João é o principal homenageado da 24ª edição do evento, que exibe nesta terça (15), às 22h, no Espaço Itaú Augusta, seu novo longa, O Ornitólogo, trabalho premiado com o troféu de melhor direção no último Festival de Locarno.
O filme conta a história de Fernando, um ornitólogo solitário, que está à procura de cegonhas negras ao longo de um remoto rio nos confins de Portugal quando é arrastado pelas corredeiras. Resgatado por um casal de peregrinas chinesas, ele mergulha em uma floresta escura, misteriosa, tentando voltar às origens (e às cegonhas). Mas, diante de obstáculos inesperados e estranhos e pessoas que o colocam à prova, o protagonista logo é levado por ações extremas e transformadoras.
“É um filme que se tornou sensação em todos os festivais por que tem passado. O João Pedro trilhou um caminho muito sólido com filmes como Odete, Fantasma e Morrer Como Um Homem. É importante exibi-lo agora, em um momento em que ele foi alçado à justa posição de um dos melhores cineastas europeus”, diz João Federici, responsável pela direção e curadoria do Mix Brasil.
Entre os filmes nacionais, a competitiva nacional é marcada por longas que já obtiveram destaque em outros festivais, casos de Antes o Tempo Não Acabava, de Fábio Baldo e Sérgio Andrade, exibido no Festival de Berlim e no Festival de Brasília; A Cidade do Futuro, de Cláudio Marques e Marília Hughes, vencedor do prêmio do público no Olhar de Cinema e também exibido na Mostra de São Paulo; e A Destruição de Bernardet, de Claudia Priscila e Pedro Marques, que teve sua primeira exibição no Festival de Brasília.
Outro integrante da seção brasileira, o documentário Entre os Homens de Bem, de Caio Cavechini e Carlos Juliano Barros, acompanha o cotidiano do deputado federal Jean Wyllys dentro e fora da Câmara, e também dá voz a membros das bancadas conservadoras, arqui-inimigos do psolista.
“A onda conservadora não é só daqui, basta ver a eleição de Trump. Vejo o Mix Brasil como um evento de real importância para construção de ideias de educação e cultura, que devem ser ensinadas desde cedo. Acho que o retrato desse conservadorismo algo necessário para que as pessoas comecem a ter um discernimento melhor em relação às suas próprias opções”, comenta Federici.
Entre os filmes exibidos no panorama internacional, o curador dá destaques aos vindos de Israel, a exemplo de Terceira Pessoa, dirigido por Sharon Luzon, que tem exibição nesta quarta (16), às 20h30, no Centro Cultural São Paulo.
O trabalho acompanha a personagem Suzan, que nasceu com ambos os órgãos genitais, masculino e feminino. Quando tinha cinco meses de idade, seus pais decidiram que ela seria mulher, mas Suzan só soube desses fatos ao completar 35 anos. Ofer também nasceu intersexual, mas seus pais foram contra a cirurgia e o aceitaram da forma como ele nascera. No entanto, a maioria das pessoas não é tolerante e compreensiva com aqueles que não obedecem às normas sociais e padrões de definição. Suzan and Ofer se encontram então em uma missão para mudar isso.
Para acessar a programação completa e outras informações sobre o 24º Festival Mix Brasil, acesse o site oficial.
