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Buscando Helena, de Ana Amélia Macedo e Roberto Berliner

27/08/16 às 18:35 Atualizado em 08/10/19 as 20:26
Buscando Helena, de Ana Amélia Macedo e Roberto Berliner

Auxiliada pela revolução digital, a produção de um grande número de documentários autobiográficos (Elena, Diário de Uma Busca, Os Dias com Ele, entre outros) no cinema brasileiro recente gera questionamentos sobre até que ponto uma história absolutamente pessoal pode envolver um público mais amplo em termos sentimentais e cinematográficos.

Buscando Helena, documentário de Ana Amélia Macedo e Roberto Berliner, só existe como esse filme apresentado em festivais graças a uma reflexão posterior dos diretores sobre o material que tinham em mãos.

Em 2004, o casal Ana e Roberto adotou a segunda filha, a Helena do título. O caminho de carro até o Juizado da Infância e Juventude, o primeiro encontro dos pais com a filha e o retorno do trio para casa foram filmados com uma câmera mini-DV. As imagens, antes destinadas apenas ao acervo da família, foram utilizadas mais de uma década depois como material para este curta-metragem.

Nota-se nessa escolha antes de tudo um ato político em prol da adoção, a partir de um entendimento de que aquela história individual está inserida em uma sociedade que pouco se informa ou debate sobre o assunto. No entanto, até pela falta de um direcionamento inicial daquelas imagens para se tornarem um filme “de cinema”, esta preocupação não se nota em tela com tom panfletário.

Nem dezenas de documentários expondo números e problematizando a questão da adoção no Brasil teriam o mesmo impacto trazido aos espectadores pela maneira única e direta com a qual Buscando Helena retrata a situação.

Com suas imagens, o filme mostra que a adoção é também uma forma de nascimento. Não à toa, um dos momentos que os pais mais aguardam – a abertura dos olhos da nova filha – se relaciona simbolicamente com o “dar à luz” sempre atribuído aos filhos biológicos.

Arrancando muito da sua potência cinematográfica de seus planos longos -, pois mesmo os cortes que existem surgem orgânicos (como necessidade de Roberto ou de Ana de abandonar a câmera por um certo tempo) e passam a impressão, ao final, de que assistimos a um longo plano-sequência que condensa o primeiro dia da adoção de Helena -, o filme é não só um exemplar raro sobre sua temática, como também vai na contramão de toda uma tradição literária (Kafka que o diga) e cinematográfica ao mostrar o lado positivo de uma burocracia capaz de construir novas famílias.

 

Sessões de Buscando Helena no 27º Festival Internacional de Curtas de São Paulo:

– 30/8 – 21h – Museu da Imagem e do Som

– 31/8 – 17h30 – CineSesc

 

* Buscando Helena teve exibições no 21º É Tudo Verdade e está no 27º Festival Internacional de Curtas de São Paulo

 

>>> Acompanhe a cobertura do 27º Festival Internacional de Curtas de São Paulo

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