facebook instagram twitter search menu youtube envelope share-alt bubble chevron-down chevron-up link close dots right left arrow-down whatsapp back

My Name is Now, Elza Soares, de Elizabete Martins Campos

21/06/15 às 17:20 Atualizado em 08/10/19 as 20:28
My Name is Now, Elza Soares, de Elizabete Martins Campos

É interessante a escolha da 10ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto – de exibir, no mesmo dia, dois documentários que pretendem ser não só “sobre” artistas, mas principalmente “com” artistas. É o caso tanto de A Paixão de JL, filme de Carlos Nader que retrata o artista plástico José Leonilson (leia crítica aqui), quanto de My Name is Now, Elza Soares, trabalho de Elizabete Martins Campos sobre a cantora carioca.

A diferença conceitual mais explícita entre ambos é que, no caso do filme de Nader, o retratado já tinha falecido, o que fez o diretor se apoiar quase exclusivamente em fitas cassete gravadas por Leonilson. Já no trabalho de Elizabete houve uma colaboração notável de Elza com o filme. A própria cena inicial, em que a cantora aparece escrevendo à mão, já é uma amostra da sua intenção de construir o documentário junto com a diretora.

Não há no filme um desejo de estruturar um retrato linear da trajetória da artista ou de assumir uma postura pretensamente imparcial e didática sobre a entrevistada. Isso não significa, porém, que momentos-chave da vida pública de Elza Soares, como seu relacionamento com o jogador Garrincha, ou mesmo suas paixões pelo Carnaval e pelo futebol, sejam deixados de lado.

Como não poderia deixar de ser, a música assume papel crucial no filme, no qual interpreta canções como Dura na Queda, Se Acaso Você Chegasse, Volta Por Cima e A Carne. O posicionamento da câmera, muito próxima à cantora, valorizando cada gota de seu suor, favorece o tom intimista pretendido pelo documentário.

Quando surge em entrevista exclusiva, Elza se refere muitas vezes a alguém que demoramos um pouco a descobrir quem é. Trata-se, afinal, de um diálogo dela com si mesma, como se a câmera fosse um espelho imaginário. O conceito, que é incorporado também pela fotografia do filme, é interessante para retratar uma personagem multifacetada, paradoxal e difícil de ser enquadrada de uma só maneira, que diz ser “claro/escuro”, “sagrado/profano” e “tudo/nada” ao mesmo tempo.

O documentário reconhece a complexidade de Elza Soares e tem o mérito de entender que, por mais explicações racionais que possam ser dadas sobre a sua difícil trajetória, nada falará mais sobre a sua dor e sentimentos do que o seu canto visceral e único, que reúne em si um mistério indecifrável e instigante.

Nota: 7,0/10 (Bom)

 

* Filme visto na 10ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto

 

Leia também:

>>> Crítica de A Paixão de JL

>>> Cobertura da 10ª CineOP

Entre em contato

Assinar

Siga no Cine Festivais