facebook instagram twitter search menu youtube envelope share-alt bubble chevron-down chevron-up link close dots right left arrow-down whatsapp back

Órfãos do Eldorado, de Guilherme Coelho

25/01/15 às 09:00 Atualizado em 08/10/19 as 20:28
Órfãos do Eldorado, de Guilherme Coelho

Os planos inicial e final de Órfãos do Eldorado, filme de Guilherme Coelho que abriu a 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes, mostram a paisagem exuberante do Pará, notadamente suas águas. Outra cena recorrente traz a imagem de uma mulher que é tragada por um rio. Está aí uma amostra da vontade de tratar do poder da natureza sobre tudo o que a rodeia e, a partir disso, traçar a trajetória de um homem que não controla o seu destino, apenas vaga para tentar descobri-lo.

O homem em questão é Arminto Cordovil (Daniel de Oliveira), que volta à sua cidade natal após muitos anos para reencontrar o pai, com quem não tem bom relacionamento, e Florita (Dira Paes), companheira do patriarca. O enredo não revela grandes fatos sobre o passado do protagonista, cabendo ao espectador pensar sobre a história passada através apenas de breves flashbacks, além de situações ocorridas no tempo presente que possam sugerir fatos anteriores.

Acontece que o mistério da narrativa, posteriormente acentuado pela busca por uma cantora enigmática, vai aos poucos ganhando um peso excessivo, sobrepondo as tentativas de sugerir imageticamente um caminho do protagonista rumo à insanidade e, principalmente, de dar importância à paisagem e à cultura local, como os primeiros planos faziam crer.

O melodrama, então, ganha papel central, mas tira força do filme quando o diretor opta por trilhar certos caminhos (o modo como revela a solução do mistério, a desnecessária narração em off, o grito no barco).

Por outro lado, elementos que poderiam pontuar melhor a curva dramática do protagonista – o que caberia perfeitamente dentro da ênfase dada à dramaticidade e à construção psicológica – são mal desenvolvidos e soltos ao longo da obra (o passado de riqueza da família, a frustração do filho com a música, a oposição entre a cultura popular da música brega e o eruditismo do piano, a canção tocada em dois momentos diferentes da narrativa).

Deste modo, cria-se uma situação em que a reviravolta principal do roteiro perde peso graças à frouxa construção narrativa, enquanto que os elementos de criação da atmosfera do filme, que também poderiam instigar um maior interesse para o simbólico final, têm a força destilada ao longo da projeção, o que enfraquece a potência almejada no último plano.

Nota: 5,5/10 (Regular)

 

*Filme visto na 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes

Entre em contato

Assinar

Siga no Cine Festivais