Com uma emocionante homenagem ao ator Marat Descartes, a 17ª Mostra de Cinema de Tiradentes começou ontem e deve exibir 134 filmes brasileiros (29 longas, 4 médias e 102 curtas-metragens) até seu encerramento, no dia 01 de fevereiro de 2014. Repleto de oficinas temáticas e mesas dispostas a discutir a estética dos filmes, o festival sempre teve a intenção de formar um público aberto a experimentações.
Diversas maneiras de fazer cinema
Ao longo de suas edições, a Mostra de Tiradentes se notabilizou por dar voz ao cinema independente brasileiro. Mas, para isso, antes foi necessário entendê-lo, compreender suas dinâmicas, atualizar-se quanto às tendências. “A programação evoluiu junto com as produções, observando o que está mudando no meio audiovisual”, explica Raquel Hallak, coordenadora geral da Mostra. Nessa constante observação, o que saltou aos olhos do curador Cléber Eduardo no ano passado foi perceber que, cada vez mais, são diversas as formas pelas quais acontece o processo audiovisual de criação (tema da Mostra). “É algo que venho percebendo há anos. Isso já estava nas falas dos realizadores: os novos processos, fazer filmes em coletivos, fazer filmes sem roteiro, em formato digital, entre outras coisas, saindo do que é o convencional da produção cinematográfica no Brasil”, conta o curador. Em entrevista para o Cine Festivais, Cléber Eduardo desnudou este e outros processos relacionados à curadoria de uma Mostra desse porte.
Cinema da juventude e efervescência cultural
“Não estamos tão preocupados com a obra em si, finalizada, mas com o momento histórico, com as possibilidades desses profissionais envolvidos avançarem e ampliarem sua atuação”, esclarece Raquel Hallak, que aponta o perfil de cineasta almejado pela Mostra Tiradentes: “Os novos talentos. É um festival que apostou na renovação do fazer cinematográfico, na juventude. Hoje o cinema brasileiro é extremamente jovem”.
A Mostra Aurora, parte da programação, é exclusivamente dedicada aos diretores em início de carreira. Pelo segundo ano consecutivo, o Júri da Crítica concederá o Prêmio Itamaraty (no valor de R$50 mil) para o melhor filme deste segmento. “[A Mostra Aurora] era uma forma de criar um holofote para essa geração, mas acabou contaminando a Mostra toda”, conta o curador Cléber Eduardo, atestando a forte presença de realizadores jovens no festival inteiro.
Com produções vindas de 16 estados brasileiros, a inclusão dos novos cineastas acarretou em diversidade estética e conteudística. Para a coordenadora geral Raquel Hallak, a efervescência cultural é crucial para formar um público e trabalhar o olhar: “Numa Bienal, você tem várias obras de arte, julga as que mais gosta, as que esteticamente chamam mais atenção, as mais pitorescas, etc.. Com cinema é igual. Tiradentes é um festival para você possuir o novo. É uma outra proposta de consumo, destinada a introjetar o que está sendo produzido no Brasil e valorizar isso”.