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O Louco, de Marcin Malaszczak

22/10/13 às 13:43 Atualizado em 08/10/19 as 20:30
O Louco, de Marcin Malaszczak

Ouvindo a perspectiva do diretor polonês Marcin Malaszczak sobre seu longa, O Louco parece um filme cheio: há espaço para documentário e ficção; para pitadas de sci-fi entre memórias de infância; leituras pós-comunistas da Polônia, mas com narrativa aberta e não-linear. Infelizmente, para enxergar tudo isso – e de forma bonita – nesta sessão de mais de duas horas, só carecendo um tanto de sanidade.

É difícil sequer rascunhar uma sinopse para essa obra, que motivou a desistência de diversos espectadores (mesmo com a presença de Malaszczak na sala). Sendo breve: o longa é um registro passivo dos pacientes da clínica psiquiátrica de Sieniawka, um vilarejo situado entre as fronteiras de Alemanha, República Checa e Polônia. Permeando esse frágil lado documental, há também alguns momentos ficcionais inseridos sem muita explicação ao longo do filme.

Seja acompanhando o personagem ficcional em seu traje de “cosmonauta” ou os pacientes apáticos que vagam pela clínica, poucas falas surgem e nada é explicado. Há um excesso de planos longos e que não se justificam em nenhum aspecto – não são bem compostos, nem tampouco significativos.

Apesar de não parecer que a intenção do longa seja a mesma dos filmes de Harmony Korine (diretor californiano aficionado pelo grotesco e desajustado), a falta de sentido imediato no que Malaszczak propõe faz com que surja um vestígio de filiação com seus filmes. Há traços de Vidas sem Destino (1997), Julien Donkey Boy (1999) e Trash Humpers (2009), mas sem o impacto ou a beleza que Korine consegue extrair disso.

Esse tipo de associação só vem à tona porque o filme não tem vigor para se defender enquanto documentário (há preocupação mínima e descuidada ao informar) ou ficção (existem apenas fiapos débeis de narrativa), sendo uma obra pessoal e aparentemente aleatória demais.  O processo para estabelecer qualquer nível de empatia com esse mar de imagens soltas, que poderiam ser o fluxo de pensamento de um demente, é árduo.

Embora fique tentado a fazer piadas com a saúde mental das pessoas por trás do filme, isso seria conservador e raso. Prefiro apenas pensar que O Louco não é um longa que fará sentido em salas de cinema, e sim em exposições que abriguem videoarte, como a Bienal ou diversas outras galerias com bom suporte audiovisual. Nesse âmbito, em que ele será visto de outra forma e servirá a outro propósito, ele pode se tornar uma obra encantadora, provocante e assombrosa. No entanto, todos que aguentaram o longa de cabo a rabo (entre os quais me incluo), no contexto da Mostra, deveriam sair da sessão e passar por avaliação psiquiátrica.

Nota: 2/10 (Ruim)

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