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Trabalho radical de Luiz Rosemberg Filho é (re)descoberto na 9ª CineOP

29/05/14 às 09:00 Atualizado em 28/05/14 as 21:36
Trabalho radical de Luiz Rosemberg Filho é (re)descoberto na 9ª CineOP

A homenagem que a 9ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto fará a Luiz Rosemberg Filho se insere em um momento em que a obra do diretor vem ganhando mais reconhecimento no meio cinematográfico do país. Da mesma geração de figuras como Júlio Bressane e Rogério Sganzerla, Rosemberg é considerado um dos artistas mais inventivos dos anos 60 e 70 no Brasil. A importância de sua obra poderá ser medida no evento da cidade mineira, que vai exibir oito de seus filmes entre os dias 28 de maio e 2 de junho.

“O Rosemberg é um dos artistas brasileiros mais radicais dos anos 70, não só no cinema. Ele utilizou praticamente todos os formatos de captação de imagens, desde a película de 16mm, passando pelo 35mm, pelo vídeo e chegando ao digital nos anos 2000. É um dos mais prolíficos realizadores brasileiros, com mais de 50 filmes, entre curtas e longas-metragens. No entanto, ele sempre foi um solitário. Fez filmes muito radicais, que não tinham penetração no mercado ou que foram censurados. Algumas obras foram impedidas de serem enviadas para festivais internacionais que poderiam servir como vitrine para o trabalho dele”, explicou o crítico de cinema e um dos curadores da CineOP, Francis Vogner dos Reis, em entrevista ao Cine Festivais.

A falta de um conhecimento maior sobre a obra de Rosemberg também se deveu ao difícil acesso aos seus filmes mais antigos. Dois deles, O Jardim das Espumas (1970) e Imagens (1972), eram dados como perdidos até serem encontrados recentemente na França graças a um trabalho conjunto entre a Universo Produção, organizadora da CineOP, e o curador da temática preservação Hernani Heffner.

“Havia uma indicação dada pelo próprio Rosemberg de que tinha deixado o filme Imagens na França no início dos anos 70. Resolvemos checar isso e pedimos para que José Quental, ex-funcionário do MAM-RJ que está fazendo doutorado no país europeu, tentasse localizar essa cópia. Ele acabou descobrindo não só o Imagens, mas também encontrou uma cópia de O Jardim das Espumas, ambas em ótimo estado de conservação. Foi um prêmio para quem aprecia a obra do Rosemberg”, conta Hernani.

O resgate do trabalho do cineasta está relacionado com uma nova geração de cineastas e cinéfilos que o admiram. Na última Mostra de Cinema de Tiradentes, em janeiro, o debate que reuniu Luiz Rosemberg Filho e Andrea Tonacci foi um dos mais disputados entre o público, que aplaudiu por diversas vezes as falas dos diretores. Um desses jovens que se aproximaram da obra de Rosemberg é o diretor Cavi Borges, que produziu o ainda inédito Dois Casamentos, primeiro longa-metragem de Rosemberg nas últimas três décadas.

“Quando ocorreu a retomada da produção cinematográfica brasileira nos anos 90 o Rosemberg fazia um tipo de cinema que não tinha lugar e acabou indo para o circuito da videoarte, no qual ele tinha espaço e legitimidade para fazer experimentações. Recentemente, com a passagem pela Mostra de Tiradentes e essa parceria com o Cavi Borges, que talvez seja um dos maiores produtores independentes da historia do cinema brasileiro, ele está voltando a ser assunto no meio cinematográfico”, diz Francis.

“Eu acho que o panorama atual é mais propício para transformar o Rosemberg em um autor de referência. Hoje temos uma produção independente mais radical, independente dos editais, por isso é um bom momento para dar um lugar de destaque a ele. E ainda bem que essa homenagem está sendo realizada enquanto ele ainda está vivo, porque o cinema brasileiro tem a mania de homenagear e transformar em referência gente morta”, conclui.

Os filmes de Luiz Rosemberg Filho que serão exibidos na 9ª CineOP são os seguintes: O Jardim das Espumas, Crônica de um Industrial, Assuntina das Amerikas, Imagens, O Santo e a VedeteSobre o Conceito de Espetáculo, Linguagem e Farra dos Brinquedos.

>>> Acompanhe a cobertura do Cine Festivais para a Mostra de Ouro Preto

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