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Sem divisão entre ficção e documentário, longas híbridos predominam em Brasília

16/09/14 às 14:17 Atualizado em 17/09/14 as 16:19
Sem divisão entre ficção e documentário, longas híbridos predominam em Brasília

A opção por derrubar a separação entre filmes de ficção e documentário mostrou resultado já no perfil dos selecionados da edição de 2014 do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que ocorre entre os dias 16 e 23 de setembro. Entre os seis longas-metragens escolhidos, apenas um não traz traços claros de hibridismo.

“À exceção do Sem Pena, documentário de Eugênio Puppo – que ainda assim apresenta uma experiência curiosa ao optar por não dar rosto aos depoentes, mostrando apenas o universo de atuação de cada um deles -, todos os outros títulos passeiam pelo hibridismo ficcional e documental com grata eficiência”, aponta Alexandre Cunha, que fez parte da comissão de seleção dos longas-metragens.

Além do trabalho de Puppo, estão na mostra competitiva de longas os filmes Branco Sai, Preto Fica, de Adirley Queirós; Brasil S/A, de Marcelo Pedroso; Ela Volta na Quinta, de André Novais Oliveira; Pingo D’Água, de Taciano Valério; e Ventos de Agosto, de Gabriel Mascaro.

Para chegar a essas escolhas, a comissão formada por Alexandre Cunha (jornalista), Daniela Capelato (roteirista, produtora e cineasta), Erika Bauer (documentarista e professora), Helena Ignez (atriz e cineasta) e Marcelo Ikeda (professor e crítico de cinema) assistiu em conjunto a cerca de 100 filmes.

Para Helena Ignez, os filmes selecionados dialogam pela invenção criativa e pela potência de interesse que podem levantar no espectador. “As narrativas não são as já estagnadas pela indústria. Eu diria que esses filmes selecionados pertencem à vanguarda do cinema independente (brasileiro)”, opina a protagonista do clássico Copacabana Mon Amour, de Rogério Sganzerla.

Um caso peculiar entre os selecionados foi a inclusão do filme Branco Sai, Preto Fica, de Adirley Queirós, que teve a primeira exibição na Mostra de Cinema de Tiradentes (recebeu menção honrosa), em janeiro, e já passou por alguns outros festivais, como Olhar de Cinema (melhor filme brasileiro), CachoeiraDoc e Fronteira. Morador de Ceilândia, cidade-satélite de Brasília, Adirley fez um filme com visão crítica à capital federal, e isso também foi um atrativo para a sua escolha.

“Embora não seja inédito, tendo participado de Tiradentes e recebido prêmio em Curitiba, o filme do Adirley Queirós é extremamente eficiente e inventivo na linguagem. Ao decorrer de toda a narrativa, o longa estabelece uma relação tão íntima e humana com a periferia do DF que é quase impensável não ver este filme na tela do Festival de Brasília”, diz Alexandre Cunha.

“Essa ideia de ineditismo a cada dia perde importância no mundo. O cinema está em toda parte e acontece simultaneamente, em todas as partes. Não há porque nos privarmos dele em função desse critério cujo sentido atende apenas aos que ainda acreditam na ideia de um território exclusivo, tal como esse do ineditismo. Os filmes precisam ocupar todos os espaços”, opina Daniela Capelato.

 

Curtas-metragens

A cada noite da mostra competitiva, o Festival de Brasília terá a exibição de dois curtas-metragens antes de um longa. Os 12 filmes do formato que concorrem a prêmios são: Bashar, de Diogo Faggiano; B-Flat, de Mariana Youssef; Castillo Y El Armado, de Pedro Harres; Crônicas de Uma Cidade Inventada, de Luísa Caetano; Estátua!, de Gabriela Amaral Almeida; Geru, de Fábio Baldo e Tico Dias; La Llamada, de Gustavo Vinagre; Loja de Répteis, de Pedro Severien; Luz, de Gabriel Medeiros; Nua Por Dentro Do Couro, de Lucas Sá; Sem Coração, de Nara Normande e Tião; e Vento Virado, de Leonardo Cata Preta.

A grande quantidade de filmes inscritos – entre curtas e longas, foram 612 – foi assistida pela comissão de curtas-metragens em conjunto ou em duplas/trios. Participaram do grupo o produtor André Leão, a curadora e produtora Carla Osório, o cineasta Frederico Cardoso, o produtor Guilherme Whitaker e a jornalista e realizadora Indaiá Freire.

“Qualidade técnica e artística eram sempre os critérios principais, mas, permeando os trabalhos da semana, também pensamos no ineditismo, no estado de origem, no equilíbrio entre gêneros”, conta Frederico Cardoso.

Entre os filmes escolhidos estão trabalhos que tiveram passagens por festivais do exterior, como Sem Coração, premiado na Quinzena dos Realizadores em Cannes, e Castillo Y El Armado, selecionado para a mostra Orizzonti do Festival de Veneza. Para Indaiá Freire, o conjunto de filmes escolhidos aponta algumas tendências.

“Acredito que eles possam representar uma nova maneira do fazer audiovisual no Brasil, talvez pela facilidade do digital. Temos curtas com uma pegada de suspense, discussão psicológica e realizados no exterior. Também podemos destacar a produção de Pernambuco como uma das mais expressivas do Brasil”, diz a jornalista.

O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro terá cobertura especial do Cine Festivais. Para acompanhar todo o material produzido sobre o evento, clique aqui.

 

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