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Palco para grandes diretores, Festival de Curtas de São Paulo chega aos 25 anos

18/08/14 às 18:26 Atualizado em 19/08/14 as 12:59
Palco para grandes diretores, Festival de Curtas de São Paulo chega aos 25 anos

Quando se pensa no início dos anos 90, a imagem que se tem sobre o cinema brasileiro é a da mais pura tragédia. A desmobilização do setor realizada pelo governo Collor, que fechou a Embrafilme, o Concine e o Ministério da Cultura (transformado em secretaria ligada à Presidência) e acabou com as leis de incentivo, praticamente pôs um fim à produção de longas-metragens nacionais – em 1992, apenas um filme brasileiro (A Grande Arte, de Walter Salles) foi lançado comercialmente.

O outro lado da moeda, nem sempre comentado, foi o boom na produção de curtas-metragens, que atraiu diretores que não conseguiam financiar projetos em outro formato. O momento histórico coincidiu com a criação do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, evento fundado em 1990 que chega em 2014 à sua 25ª edição, agendada para ocorrer entre os dias 20 e 31 de agosto.

“Com essa crise, muitos cineastas acabaram depositando nos curtas a sua possibilidade de expressão. O formato tem uma equação econômica mais simples que os longas, então tivemos uma produção de curtas-metragens muito vigorosa no começo dos anos 90. Num certo sentido, quando o festival surgiu ele se tornou um espaço de encontro do cinema brasileiro, já que os longas não estavam acontecendo naquele momento e os curtas, sim”, explica Zita Carvalhosa, diretora do evento desde o seu início, em entrevista ao Cine Festivais.

Depois de se formar em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), Zita estudou cinema na Universidade Sorbonne Nouvelle – Paris III, na capital da França, e voltou ao Brasil para ser uma das sócias da produtora Cinematográfica Superfilmes, ao lado dos diretores André Klotzel e Ricardo Dias e dos fotógrafos José Roberto Eliezer e Pedro Farkas. Paralelamente a essa atividade, ela assumiu no fim dos anos 80 o cargo de programadora de cinema do Museu da Imagem e do Som (MIS), local no qual viria a surgir o Festival de Curtas.

“Nessa época eu já tinha produzido vários curtas e tinha essa ligação com o formato, então propus para o diretor do museu uma programação dedicada ao curta-metragem. Primeiro fizemos uma mostra chamada 80 Curtas dos Anos 80, que foi um sucesso, e aí a gente se arriscou a começar o festival”, relembra Zita.

Após duas edições com boa resposta do público, o Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo cresceu, deixou de ocorrer apenas no MIS e foi abrigado por outros espaços da capital paulista a partir da terceira edição. Neste ano, o evento acontece em sete salas e exibe gratuitamente 337 filmes, selecionados em meio a 3400 inscritos, em sete salas de cinema da cidade (Museu da Imagem e do Som, Cinemateca Brasileira, CineSesc,  Espaço Itaú de Cinema – Augusta, Centro Cultural São Paulo, Cine Olido e Cinusp), além de CEUs e espaços do Circuito Municipal de Cultura – a programação completa e outras informações sobre o festival podem ser obtidas no seu site oficial.

 

Encontro de grandes nomes

Ao longo desses 25 anos, o Festival de Curtas de São Paulo exibiu filmes de nomes como Nelson Pereira dos Santos, Fernando Meirelles, Beto Brant, Walter Salles, Kleber Mendonça Filho e Cláudio Assis, entre os brasileiros, e de promessas estrangeiras que viriam a ter reconhecimento mundial, como a argentina Lucrecia Martel e o americano Paul Thomas Anderson. A relação é tão grande que a diretora do evento prefere não citar apenas dois ou três destaques.

“Tivemos cineastas de gerações diferentes que passaram pelo festival, e ainda hoje ele continua a ser um lugar em que você encontra talentos que vão fazer coisas muito bacanas. Para citar exemplos recentes, Fernando Coimbra (O Lobo Atrás da Porta) e Daniel Ribeiro (Hoje Eu Quero Voltar Sozinho) exibiram curtas aqui. É claro que esse não é o único caminho possível, mas, para quem gosta de produzir audiovisual, o curta é um espaço mais livre para você pensar a sua linguagem”, opina Zita, que deixa claro que não vê o formato curta-metragem apenas como uma ponte para os longas-metragens.

Em algumas de suas edições, o festival exibiu todos os curtas-metragens produzidos no Brasil no período de um ano, algo que ficou inviável atualmente devido ao alto número de obras nacionais inscritas (mais de 600 em 2014). Hoje há uma comissão que seleciona os filmes brasileiros, exatamente como ocorre com os internacionais e os latinos, além dos programas especiais. O processo de visionamento e de escolha reúne várias pessoas e dura cerca de quatro meses.

Tirando esse aspecto e a evolução tecnológica – em 1990 não havia internet, os filmes eram convidados por carta e chegavam em película pelos Correios; hoje, quase todos os filmes chegam no formato digital, muitas vezes pela web – o evento manteve uma estrutura parecida.

“O festival começou com um objetivo que continua valendo até hoje, de intercâmbio entre a produção nacional e a produção internacional no formato de curta-metragem. Também há bastante tempo o formato é o mesmo (dez programas internacionais e dez brasileiros, além dos filmes latinos e especiais) e permite que as pessoas não precisem buscar o já conhecido e consagrado. Elas podem simplesmente entrar numa sala de cinema e viajar dentro da tela para depois sair dela e conversar sobre o que assistiu”, aponta a diretora do evento que atualmente é considerado o mais importante da América Latina e um dos cinco mais relevantes do mundo no formato curta-metragem.

 

>>> Acompanhe a cobertura do Cine Festivais para o Festival de Curtas de São Paulo

 

Serviço

25º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo

Locais: CineSesc (Rua Augusta, 2075 – Cerqueira César); Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso); Cine Olido (Avenida São João, 473 – Centro); Espaço Itaú – Augusta (Rua Augusta, 1475 – Cerqueira César); Museu da Imagem e do Som (Avenida Europa, 158 – Jardim Europa);  Cinemateca Brasileira (Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Mariana) e Cinusp Paulo Emílio (Cidade Universitária – Rua Do Anfiteatro, 181 – Colméia, Favo 04 – Butantã)

Data: De 20 a 31 de agosto de 2014

Site: http://www.kinoforum.org.br/curtas/2014/

Entrada Gratuita

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