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Homenageado na CineOP, Milton Gonçalves exalta luta dos negros

19/06/15 às 11:14 Atualizado em 19/06/15 as 16:45
Homenageado na CineOP, Milton Gonçalves exalta luta dos negros

A abertura oficial da 10ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto, ocorrida na noite desta quinta-feira (18), contou com forte discurso político, como já adiantava uma das temáticas do evento (“O Negro em Movimento”). Principal homenageado, o ator Milton Gonçalves exaltou a luta dos negros brasileiros contra o preconceito e encerrou seu discurso de punho direito erguido e com gritos de “Lutar! Vamos lutar!”.

“Durante toda a vida eu precisei aprender a me defender. O negro passa por situações de muita dor. Eu entrei na arte por acaso, mas hoje há milhares de jovens tentando não sofrer nem serem humilhados o tempo todo. Eu não tinha nenhuma esperança, e o que me salvou foi algum talento para representar. É triste que hoje em dia ainda tenhamos jovens sem esperança. Acreditem em vocês, pois algum dia vamos conseguir fazer com que esse país seja de todos, e não apenas de uma minoria”, declarou o ator.

A cerimônia contou ainda com homenagem à restauradora Fernanda Coelho, uma das principais forças no trabalho de preservação audiovisual no Brasil. “Acho que esta é uma homenagem a toda uma geração que sempre acreditou na importância de se preservar a memória. É um privilégio enorme ser reconhecida por um trabalho que faço com tanta paixão”, agradeceu ela.

Em seguida, o programa Cineduc – Cinema e Educação, que em 2015 completa 45 anos, também recebeu tributo. Subiram ao palco a fundadora do Cineduc, Marialva Monteiro, e uma de suas mais antigas integrantes, Bete Bullara.

 

Homenagem justificada

Os números dizem muito sobre a carreira prolífica e de sucesso de Milton Gonçalves, que fez mais de 60 trabalhos no cinema e outros tantos na TV e no teatro. Para justificar a homenagem recebida na CineOP, no entanto, somente a interpretação de Milton como protagonista de A Rainha Diaba bastaria.

O filme dirigido por Antônio Carlos da Fontoura, que esteve presente na homenagem a Milton Gonçalves, foi exibido logo após a cerimônia de abertura da 10ª CineOP.

Inspirado na figura de Madame Satã, a personagem-título, interpretada por Milton, possui um bordel e controla o crime organizado no Rio de Janeiro. Acontece que seus subordinados, sendo um deles interpretados por Nelson Xavier, pretendem tirá-lo poder.

Em interpretação que lhe rendeu o Candango de Melhor Ator no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro de 1975, Milton passa com grande desenvoltura por dois extremos: vai de travesti sensível, amorosa e vaidosa a chefe do crime controlador e ameaçador.

Em uma das melhores cenas do filme, o personagem flerta com a insanidade e com o sadismo ao torturar uma mulher com um cigarro, tentando descobrir quem são seus traidores.

Está ali uma amostra inconteste do talento de Milton Gonçalves, que o público da CineOP pôde (re)descobrir em bela exibição em película 35mm no Cine Vila Rica.

 

*O repórter viajou a convite da 10ª CineOP

 

Foto acima: Biel Machado/Universo Produção

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