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“História real de pescador” inspira animação que concorre em Brasília

22/09/14 às 11:55 Atualizado em 21/01/15 as 11:47
“História real de pescador” inspira animação que concorre em Brasília

Nascido em Colônia de Sacramento, no Uruguai, Ruben Castillo viveu seus primeiros anos em uma casa a 100 metros do Rio da Prata. “Passei metade da infância dentro e a outra metade fora d’água, sempre pescando”, conta o desenhista e animador uruguaio. Foi naquele local que aconteceu a “história real de pescador” na qual foi inspirado o curta-metragem de animação Castillo Y El Armado – dirigido por Pedro Harres -, que está na mostra competitiva do 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

Ruben veio ao Brasil no início de 2002, quando o Uruguai passava por uma crise econômica. A ideia era fazer um trabalho de menos de um mês, mas ele acabou ficando. Trabalhando na Otto Desenhos Animados, em Porto Alegre, o artista conheceu Pedro Harres. A admiração do brasileiro pelo estilo de desenho do uruguaio provocou um desejo de parceria, que acabou se concretizando depois que Ruben contou sobre uma difícil pescaria em que havia se envolvido anos antes, na qual a sua brutalidade aflorou.

Protagonista, dublador e diretor de arte da animação, que se passa em um local fronteiriço entre o Uruguai e o Brasil, Ruben trouxe para o filme um pouco de seu universo visual. Na mesma linha de filmes recentes brasileiros que utilizam técnicas de desenhos mais clássicas e autorais, como O Menino e o Mundo e Até que a Sbórnia Nos Separe, o filme adota um traço de desenho mais pesado e particular, em duas dimensões. “Um problema do 3D usado pelos filmes de animação é que muitas vezes ele padroniza os personagens. Todos eles ficam meio parecidos”, opina o uruguaio.

 

Impulso em Veneza

Castillo Y El Armado foi o representante brasileiro solitário no mais recente Festival de Cinema de Veneza. O trabalho foi o único 100% animação a ser exibido na mostra Orizzonti, seção competitiva destinada a filmes de novos diretores e à busca por novas tendências cinematográficas.

“Vi essa inserção como uma grata surpresa. Talvez por não ter uma temática infantil e ser um filme pesado, sobre uma situação adulta, ele dialogue mais com dramas de tom mais sério que costumam estar nesses festivais”, opina o diretor Pedro Harres.

Em Veneza, o brasileiro teve oportunidade de assistir a alguns filmes de outras mostras. Entre os destaques, ele aponta os novos filmes de Roy Andersson (A Pigeon Sat on a Branch Reflecting on Existence), Amos Gitai (Tsili, “um tour de force de direção realmente impressionante”) e Andrei Konchalovsky (The Postman’s White Nights).

A seleção para Veneza gerou convites para que o filme fosse exibido em outros festivais internacionais. Já há exibições programadas para eventos na Polônia, na Itália e na Alemanha. No Brasil, após passar por Brasília, o filme será exibido no Goiânia Mostra Curtas e no Animage (Pernambuco), entre outros locais.

 

De Brasília em diante

A exibição em Brasília foi a primeira em que Ruben Castillo pôde ver o filme em uma tela grande, já que ele não esteve presente em Veneza. Pedro Harres destaca esse fato como especial, e também ressalta a recepção do filme. “Achei que foi muito calorosa. Foi interessante ver como o filme tocou as pessoas”, opina.

Depois do curta-metragem, Pedro Harres está empenhado em viabilizar um projeto de longa-metragem de animação que se chamará Raoni. A ideia dele é realizar uma coprodução internacional entre pequenos estúdios, para que o tempo de produção seja diminuído. “Estou prospectando estúdios na Rússia, na Coreia do Sul e em outros países. A ideia é dividir as etapas de produção entre os estúdios”, conta o diretor.

 

* O repórter está hospedado em Brasília a convite do festival

 

Leia também:

>>> Entrevista com Pedro Harres sobre o filme

>>> Cobertura do 47º Festival de Brasília

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