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Expor tragédia pessoal foi desafio para protagonista de Branco Sai, Preto Fica

21/09/14 às 15:49 Atualizado em 14/10/14 as 12:03
Expor tragédia pessoal foi desafio para protagonista de Branco Sai, Preto Fica

“Eu vivo atuando nessa vida desde que eu nasci”, diz o cantor de rap Marquim quando questionado sobre o seu trabalho como ator. Protagonista de Branco Sai, Preto Fica, longa-metragem de Adirley Queirós exibido na mostra competitiva do 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, ele já havia aparecido em filmes do mesmo diretor (Rap, o Canto da Ceilândia e A Cidade é Uma Só?) e também de outros cineastas, como João Batista de Andrade (em Rua Seis – Sem Número). Porém, esta nova incursão no cinema trouxe um componente pessoal inédito.

Marquim se tornou paraplégico em 1986, após ser vítima de um tiro da polícia quando estava em um tradicional baile de música black daquela época, conhecido como Quarentão. A história serve como ponto de partida para Branco Sai, Preto Fica, mas, em vez de um documentário tradicional, o que se vê na tela é uma fabulação dos personagens e um diálogo com a ficção científica que leva à busca por uma vingança simbólica contra seus opressores.

“Esse processo foi um pouco delicado e difícil. O Adirley sabia que eu não gosto de tocar muito no assunto da historia que aconteceu comigo, mas ele conseguiu trabalhar minha mente para que eu pudesse desenvolver o papel dentro do filme. Só depois que as filmagens começaram é que eu fiquei mais à vontade”, contou Marquim em conversa com o Cine Festivais.

O ator conheceu Adirley ainda na adolescência, antes do acidente do Quarentão. Eles jogavam futebol e eram rivais em times amadores da cidade-satélite: Marquim jogava no Santos (não o original, mas o do Distrito Federal) e Adirley defendia as cores do Ceilândia. Muitos anos depois, ambos participaram da criação do Coletivo de Cinema em Ceilândia (Ceicine), que, além de realizar filmes, faz discussões culturais no local.

Nesta época, a experiência audiovisual de Marquim se resumia ao trabalho com videoclipes, a começar pelos de sua banda de rap Tropa de Elite, que é conhecida na cena cultural de Ceilândia. A experiência com o diretor Adirley Queirós lhe ensinou mais sobre cinema, mas o trabalho de atuação veio como algo natural.

“Não sinto dificuldades na parte de interpretar. No rap, não basta ter uma letra boa: você tem que saber interpretá-la. Assim como no filme, essa ideia de vingança e de política já existe dentro do rap. Eu vivo isso no meu cotidiano”, explica Marquim.

Depois de passar por festivais em Tiradentes e São Paulo, entre outras cidades, Branco Sai, Preto Fica teve em Brasília a sua exibição mais próxima de Ceilândia. A lotada sessão no Cine Brasília contou com muitos aplausos para a obra, e emocionou Marquim.

“Nosso sonho era que o povo da comunidade visse o nosso trabalho. Eu estava nervoso porque não sabia qual seria a reação ao filme, e ela foi positiva. Então só tenho que agradecer a Deus e ao povo da comunidade. É bom saber que a gente está correspondendo e falando por eles as nossas carências e necessidades”, conclui.

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