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Curta Sete Anos Depois reúne equipe de filme de 2006

22/08/14 às 16:55 Atualizado em 20/11/19 as 15:21
Curta Sete Anos Depois reúne equipe de filme de 2006

Foi de um reencontro em um bar que surgiu a ideia para Sete Anos Depois, curta-metragem de Esmir Filho e Mariana Bastos que está na programação do 25º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo. O filme é uma sequência de Alguma Coisa Assim, trabalho de 2006 com roteiro e direção de Esmir e codireção de Mariana que foi protagonizado por Caroline Abras e André Antunes. Neste novo trabalho, a maior parte da equipe da obra de 2006 se repetiu, a começar pelos atores principais.

No período entre um curta e outro, Esmir realizou vários curtas e o longa-metragem Os Famosos e os Duendes da Morte, enquanto Caroline seguiu carreira importante no cinema em filmes como Se Nada Mais Der Certo, de José Eduardo Belmonte, e o ainda inédito no circuito comercial Sangue Azul, de Lírio Ferreira. Já André Antunes acabou não continuando na área e se formou em Psicologia.

“Eu enxergo o curta como um reencontro, uma oportunidade para cada um de nós perguntar: ‘e aí, o que você viveu nestes sete anos?’”, contou Esmir em entrevista ao Cine Festivais.

Em Alguma Coisa Assim, Caio (Antunes) é um jovem de 17 anos que conta com a ajuda da amiga Mari (Abras) em uma tentativa de entender melhor a sua sexualidade, enquanto ambos possuem sentimentos escondidos. Já em Sete Anos Depois, os mesmos personagens se reencontram em um momento importante da vida de Caio e ele tem uma proposta surpreendente para ela.

O diretor Esmir Filho conversou com o Cine Festivais a respeito desse seu novo trabalho e também contou sobre o novo longa-metragem que está preparando. Leia a seguir a entrevista completa.

 

Cine Festivais: Qual é a lembrança que você tem do curta Alguma Coisa Assim?

EF: O Alguma Coisa Assim foi um curta muito importante na minha carreira. Ele ganhou o prêmio de melhor roteiro na Semana da Crítica em Cannes, e foi durante esse filme que eu formei uma parceria muito bacana com a Mariana Bastos, que fez a codireção na época. Também foi com o curta que eu encontrei pela primeira vez e descobri o talento que é a Caroline Abras, uma atriz que já fez muitos filmes desde então, apesar de bastante jovem.

Naquela época a gente queria discutir a questão da sexualidade nos adolescentes, falando sobre a descoberta do próprio corpo e dos desejos dessas pessoas que tem quase 18 anos e querem viver com a maior intensidade. É uma história que mergulha no universo dos relacionamentos tendo como personagens dois amigos que têm sentimentos escondidos.

 

CF: Com surgiu a ideia para esta sequência?

EF: Passaram-se sete anos do Alguma Coisa Assim e nós nos reencontramos em um bar. O André Antunes, garoto que atuou naquela curta, nunca mais foi ator e foi fazer faculdade de Psicologia. Ele, a Carolina (Abras), a Mariana (Bastos) e eu falamos sobre a importância do filme nas nossas vidas e rolou essa ideia de fazer um reencontro dos personagens sete anos depois, também em São Paulo.

Então eu sentei com a Mariana Bastos e a gente encabeçou o projeto em conjunto. O roteiro e a direção desse novo curta, Sete Anos Depois, são divididos entre nós dois, diferentemente do que aconteceu no Alguma Coisa Assim.

Uma coisa bem simbólica desse filme é a Rua Augusta, que foi retratada no primeiro curta. Hoje ainda existem baladas e bares nela, mas há também um movimento grande de especulação imobiliária no local. Tem uma frase simbólica no Sete Anos Depois que é “tá tudo virando prédio!”. Acho que representa bem essa transformação.

 

CF: A realização do curta-metragem Sete Anos Depois também serviu para que vocês pensassem sobre a passagem do tempo e sobre o amadurecimento da vida e da carreira de vocês?

EF: Acho que isso tem muito a ver com o filme. A maioria da equipe do Sete Anos Depois é a mesma que trabalhou no Alguma Coisa Assim. Todos foram contatados, e só não participou quem realmente não podia por algum motivo.

Eu enxergo o curta como um reencontro, uma oportunidade para cada um de nós perguntar: “e aí, o que você viveu nestes sete anos?”. E eu acho que as amizades são assim. Por mais tempo que você fique sem ver as pessoas e por mais diferentes que elas estejam, é sempre bom revê-las.

 

CF: A música exerceu um papel importante no seu longa-metragem Os Famosos e os Duendes da Morte e agora serviu como inspiração para este curta, que tem influência da canção Seven, de David Bowie. Qual é o papel da música no seu processo de criação?

EF: A música tem um papel muito importante em tudo o que eu faço. Eu sou um cara movido a música. Sempre que chego em casa coloco alguma música no meu iPod ou na vitrola, que foi um objeto que eu adquiri muito por causa do Bob Dylan, músico que eu descobri melhor quando estava fazendo meu longa-metragem Os Famosos e os Duendes da Morte. Muita gente acha que eu era fã do Bob Dylan e resolvi fazer um filme, mas foi o contrário.

No caso do Sete Anos Depois, assim como o Alguma Coisa Assim, o filme feito com apoio do Cultura Inglesa Festival, no qual a proposta é que o curta seja feito a partir de alguma obra britânica. Escutamos várias músicas para ver qual poderia inspirar a história e na hora me lembrei de Seven, do David Bowie.

Eu costumo escutar bastante música durante o processo de criação do filme. Às vezes a música nem precisa estar no filme, como é o caso do Sete Anos Depois, já que nosso orçamento era enxuto e não conseguimos adquirir os direitos de Seven. Mesmo assim, eu acho que a música está lá no filme, refletindo sobre o peso do tempo passado.

 

CF: Qual é a importância de exibir o filme no Festival de Curtas de São Paulo?

EF: Acho que tem tudo a ver ele passar aqui, já que é um curta que fala sobre São Paulo do ponto de vista desses dois jovens de 24 anos e também lembra os momentos de 2006. Estou vendo que está rolando uma mudança no habitar da cidade, principalmente com a galera mais jovem, e isso pode ser visto no curta. Então acho importante participar do Festival de Curtas para ter a oportunidade de refletir sobre a nossa cidade através do filme e desses personagens

 

CF: Vivemos nesse ano um momento de destaque de filmes com temática LGBT com o sucesso de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, do diretor Daniel Ribeiro. Como você enxerga as mudanças de abordagem do cinema em relação a esse aspecto?

EF: Não acho que estamos em um momento mais aberto, mais livre. Eu vejo que as questões estão ficando cada vez mais complexas. No Sete Anos Depois a união civil entre pessoas do mesmo sexo é uma possibilidade, mas se levanta a questão do motivo de querermos casar hoje em dia. De onde vem essa vontade de se integrar na sociedade, no sistema. Seria por direitos legais? Seria por um sonho padronizado do casamento? São questões que sempre vão existir, e o filme fala sobre isso.

 

CF: Em qual estágio está o projeto de seu novo filme, A Baleia? Do que ele vai tratar?

EF: Estou escrevendo o filme há uns três anos. É um projeto em parceria com o Ismael Caneppele, assim como foi Os Famosos e os Duendes da Morte, e será produzido pela minha produtora, a Saliva Shots, e pela Casa de Cinema de Porto Alegre. O roteiro está finalizado e agora estamos na fase de captação de recursos.

Nós temos uma parceria com a Andréa Beltrão, que desde o começo foi a atriz que eu pensei para fazer a protagonista. Ela é uma artista que eu sempre admirei e está acompanhando todo o andamento do projeto. Não vejo a hora de fazer esse filme.

Falando bem superficialmente, A Baleia se passa em um Réveillon e fala bastante sobre tentativas de controle. A Andréa Beltrão vai fazer o papel de uma empresária musical que tem tudo sob controle e vai perdendo isso aos poucos. O filme fala dessa mulher poderosa que tem que lidar com questões do trabalho, da família e da própria vida.

 

Sete Anos Depois está no Panorama Paulista 2. Clique aqui e veja a programação do filme no 25º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo.

 

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