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Waves ’98, de Ely Dagher

20/08/15 às 13:11 Atualizado em 08/10/19 as 20:28
Waves ’98, de Ely Dagher

Vencedor da Palma de Ouro de curta-metragem neste ano, a animação Waves ’98 diz mais ao coração do que à razão. O jovem diretor libanês Ely Dagher fez um pequeno tratado sobre a liberdade. Sua obra é um olhar fraterno para uma cidade (Beirute) e um povo (os árabes) marcados a fogo por convulsões sociais, mas que nunca perdem a ânsia por um futuro de igualdade.

O protagonista é Omar, adolescente da periferia da capital do Líbano. Ele mora com os pais, estuda, ouve música. Gosta de subir no telhado da escola para encarar a paisagem da cidade, na qual edifícios luxuosos se misturam aos destroços resultantes da guerra civil ocorrida no país durante os anos 1990. Em um dia qualquer, avista um clarão num bairro afastado e decide investigar. Lá, encontra algo surreal, um elefante robótico gigante, que o faz ter contato com uma nova realidade.

Várias informações objetivas sobre Omar e seu cotidiano são deixadas de lado – o próprio nome do personagem só é citado na sinopse oficial. Mas isso não pode ser encarado como falha: o simbolismo está justamente no fato de que o Líbano (e o Egito, a Síria, o Iraque, a Jordânia…) possui inúmeros Omars, jovens mergulhados em uma vida sem perspectiva, sem oportunidades de trabalho, à espera de uma mudança que nunca chega.

E o que era basicamente um relato documental se torna poesia a partir do tal encontro. O filme deixa o asfalto e os prédios amontoados para abraçar formas saídas de sonho. O protagonista e outros adolescentes são transportados para uma Beirute fantástica. Ali, as praias estão abertas a todos, o sol brilha sem cessar, não existem muros segregando a população. Obviamente, a versão de verdade da cidade, com sua dureza cinzenta, sempre está à espreita. Mas o sentimento de libertação das amarras já contagiou esses jovens – assim como contagiou, no mundo real, os responsáveis pela Primavera Árabe alguns anos atrás.

Tecnicamente, o curta é belíssimo. Mistura personagens e cenários animados com filmagens reais e fotografias. Guarda até alguma semelhança estética com Valsa com Bashir, de Ari Folman, embora seja mais sóbrio.

Talvez as revoluções árabes não tenham atingido todos seus objetivos iniciais. Porém, o gosto pela democracia é uma realidade para os povos do Oriente Médio e Norte da África. Há, hoje, uma sombra que cobre os governos autoritários da região. Tal qual um elefante flutuando nos céus de Beirute.

Nota: 8,5/10 (Ótimo)

 

Sessões de Waves ’98 no 26º Festival Internacional de Curtas de São Paulo:

– 21/8 – Sexta – 19h – Cinemateca Brasileira – sala BNDES

– 22/8 – Sábado – 15h – CineSesc

– 25/8 – Terça – 15h – Espaço Itaú de Cinema – Augusta

 

>>> Acompanhe a nossa cobertura para o 26º Festival Internacional de Curtas de São Paulo

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