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Spotlight – Segredos Revelados, de Tom McCarthy

27/02/16 às 20:56 Atualizado em 08/10/19 as 20:26
Spotlight – Segredos Revelados, de Tom McCarthy

Spotlight – Segredos Revelados revive um período marcante na história recente da Igreja Católica, quando, entre 2001 e 2002, vieram à tona milhares de relatos sobre crianças abusadas por padres, acobertados há anos pelas arquidioceses de diversas cidades. A onda de denúncias teve início em Boston, nos Estados Unidos, e tomou proporções globais ao encorajar muitas vítimas a exporem seus passados. O filme de Tom McCarthy volta um pouco mais no tempo, focando-se na equipe de jornalistas do Boston Globe – o Spotlight Team, ou equipe de destaque do jornal – responsável por produzir a polêmica matéria que serviu de estopim para a crise eclesiástica.

McCarthy, apesar de ter realizado grande parte de seus trabalhos como ator, já havia mostrado seu talento em outras áreas alguns anos atrás, como em Up! -Altas Aventuras, para o qual fez o roteiro, e em outros quatro longas-metragens que escreveu e dirigiu. Spotlight, no entanto, parece ser seu trabalho mais maduro até agora, e já vem ganhando reconhecimento. O filme concorre a seis categorias no Oscar, incluindo Melhor Filme, Melhor Roteiro Original e Melhor Direção.

No elenco, rostos conhecidos como Mark Ruffalo, Rachel McAdams e Michael Keaton interpretam membros do importante time jornalístico. Com auxílio constante dos jornalistas reais no preparo dos atores, as semelhanças dos personagens chegam a ser quase físicas, com destaque para Ruffalo, que adotou uma postura e fisionomia muito particulares para o papel.

A autenticidade dos fatos, no geral, acaba sendo uma grande aliada do filme. Além do realismo na atuação, o roteiro de McCarthy e Josh Singer busca reconstruir a história sem grandes recursos dramáticos que acabariam se sobressaindo. Os conflitos pessoais de cada personagem são secundários e bem discretos, evitando que o espectador seja levado totalmente por algum caráter emocional do enredo. Também não se perde muito tempo explorando os eventuais transtornos psicológicos adquiridos pelas vítimas que aparecem. O foco permanece sempre na equipe do jornal e na sua missão, onde é possível claramente identificar um grupo de jornalistas dedicados, e não uma série de grandes atores encenando papéis de destaque.

Essa preocupação do filme em manter-se fiel aos acontecimentos reais é semelhante à forma como o Boston Globe procura a maneira mais legítima de publicar sua matéria. E, aparentemente, os resultados também foram parecidos: Spotlight, além de simplesmente noticiar um fato histórico ou entreter, voltou a incomodar alguns religiosos pelo mundo, como um padre brasileiro citado na lista de criminosos no final do filme que já ameaça entrar com um processo contra a produção.

Ironicamente, talvez um documentário que tratasse claramente de abusos em igrejas não teria causado tanta discórdia, já que tradicionalmente não conseguiria tanta atenção quanto uma ficção com atores hollywoodianos. Pode-se dizer que Spotlight, apesar de não ter nada de documentário, conseguiu achar um meio termo através de uma ficção não-artificial para contar sua história do melhor jeito. Ao aliar a alta veracidade dos fatos a um bom roteiro interpretado por atores conhecidos, Tom McCarthy consegue realizar o que muitos cineastas almejam: provocar reflexão em um grande número de pessoas através de um bom filme.

Nota: 8,5/10 (Ótimo)

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