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Sem Coração, de Nara Normande e Tião

19/09/14 às 01:21 Atualizado em 08/10/19 as 20:29
Sem Coração, de Nara Normande e Tião

Há um poder de síntese admirável em Sem Coração, curta-metragem de Nara Normande e Tião. Logo no início, três planos estáticos (a piscina, o raio-x e a personagem-título) bastam para nos inserir no universo do filme. Algo parecido acontece quando, apenas através do reflexo de prédios no vidro de um carro, percebemos o deslocamento de um garoto da metrópole para uma cidade praiana. Esta decupagem precisa dá força a uma história que, se contada de outra maneira, provavelmente não seria tão bem-sucedida.

Como muitos outros, o filme trata da trajetória de amadurecimento emocional/sexual de um adolescente. Léo vai passar as férias na casa de praia de seu primo e conhece uma garota apelidada de Sem Coração, com quem tem um princípio de envolvimento amoroso neste curto período.

Novato na turma de amigos do primo, Léo tem alguma dificuldade para se adaptar àquele ambiente. O filme mostra esse processo de incorporação ao grupo através de cenas como a da entrada no mar, em que ele é o último a mergulhar, ou na vez em que ele experimenta uma nova comida, que serve como índice das novas experiências que o rapaz virá a ter.

Em meio a um enredo que mistura inocência e violência, o filme não assume uma postura simplista frente aos acontecimentos: tanto Léo, pela pressão exercida pelos amigos, quanto Sem Coração, pelo relacionamento amistoso que mantém com os garotos, não são considerados nem totalmente vítimas, nem tampouco carrascos.

Até pela construção narrativa que adota, em que os diálogos não são essenciais, o curta-metragem valoriza os seus planos e consegue obter um forte viés sensorial. Sem interferir na linearidade da história, essa opção transmite, com o auxílio de um interessante trabalho de som, o retrato da subjetividade emocional do envolvimento afetivo entre os personagens.

Nesse sentido, as gotas de chuva caídas na água servem como metáfora para a ebulição sentimental do protagonista masculino. Uma piscina diferente daquela ao lado da praia, agora cheia d’água, e uma fusão inspirada, consolidam o elo construído entre Léo e Sem Coração neste belo curta-metragem.

Nota: 8,0/10 (Ótimo)

 

* Filme visto no 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

 

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