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Reality, de Quentin Dupieux

15/06/15 às 15:34 Atualizado em 08/10/19 as 20:28
Reality, de Quentin Dupieux

O diretor francês Quentin Dupieux trilha o caminho da comédia nonsense em um filme que mostra uma pretensão irônica já em seu título. Reality, na trama, é o nome de uma menina que encontra uma fita VHS junto aos restos mortais de um javali. Paralelamente, acompanhamos as histórias de um cinegrafista que deseja realizar o seu primeiro longa-metragem e de um apresentador de TV que começa a sentir uma coceira não justificada pelos dermatologistas.

Os questionamentos sobre o que é realidade, o que é ficção e o que é pura imaginação dentro daquele universo vão avançando à medida que os núcleos principais se cruzam. O cinegrafista trabalha no mesmo programa do apresentador de TV, que é assistido pela menina, que por sua vez aparece em um filme produzido pelo mesmo profissional responsável pela aprovação do projeto de longa-metragem do cinegrafista.

Esta lógica, que remete, para citar um exemplo mais recente, a A Origem, de Christopher Nolan, é utilizada com claro intuito cômico. No entanto, chega um momento do filme em que o espectador abandona a tentativa de juntar com alguma racionalidade as peças daquele quebra-cabeça e passa a apenas esperar pela próxima cena absurda, o que torna o trabalho um tanto quanto engessado e previsível, muito dependente de algumas poucas boas piadas, já que falta inspiração em termos conceituais e estéticos.

Referências ao trabalho de grandes diretores não faltam em Reality. Para começar, a busca do cinegrafista aspirante a cineasta pela gravação de um grito de qualidade remete a Um Tiro na Noite, seminal obra de Brian De Palma. O roteiro de filme de terror, no qual as ondas emitidas por televisões matariam os humanos, poderia perfeitamente caber no universo de David Cronenberg ou John Carpenter, por exemplo. Também é evidente a ligação entre À Beira do Abismo, de Carpenter, e a cena em que um dos personagens vai ao cinema e descobre estar assistindo a imagens que não lhe são estranhas.

Acontece que falta a Dupieux o que sobra a Carpenter: a capacidade de erguer uma atmosfera única através da mise-en-scène, partindo muitas vezes de fiapos de narrativas que se transformam em grandes filmes. O diretor francês segue o caminho oposto, apostando demais em ideias supostamente ousadas que acabam se revelando cômodas e formulaicas.

Nota: 6,0/10 (Regular)

 

*Filme visto no 4º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba

 

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