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Os Banhistas, de Max Zunino

02/06/15 às 16:35 Atualizado em 08/10/19 as 20:28
Os Banhistas, de Max Zunino

Um homem desempregado vai ao barbeiro e pergunta se ele precisa de um assistente. O corte de um plano fechado para um mais aberto, que os mostra duplicados em um espelho, revela que ambos estão na mesma situação diante da crise econômica. Logo em seguida, um agente imobiliário chega para fechar o estabelecimento.

A cena do filme mexicano Os Banhistas, de Max Zunino, é um bom retrato para aquela que talvez seja a principal intenção do filme: mostrar a necessidade da solidariedade diante das dificuldades individuais.

Em meio a protestos que nunca são muito bem explicados, mas que certamente se relacionam com o momento ruim da economia e com a insatisfação com os políticos no poder, o longa-metragem dá atenção a dois personagens: um senhor solitário que perdeu o emprego como alfaiate e uma jovem sem grandes perspectivas que não quer voltar a morar com os pais, que estão se separando. Ao ficar no meio do caminho entre o aprofundamento da relação dos personagens e a imersão nas manifestações de rua, porém, o filme dilui a sua força.

Não há o desejo de liberar a garota e o senhor para um efetivo choque com o mundo exterior. Todos os personagens com quem eles se encontram parecem formatados a um comportamento padrão. Os “banhistas” do título, manifestantes que pagam para tomar banho no apartamento do idoso, nunca passam de personagens planos, e a transformação que eles geram nos protagonistas tampouco é relevante. Até mesmo a cena em que a moça vê policiais batendo em militantes preserva a distância segura entre “eles” e “ela”.

Na relação entre a jovem e o idoso, o que há de mais interessante é a ligação que se estabelece entre o retorno da alegria de viver e o desejo sexual. O pedido para que a menina não pendure as calcinhas no banheiro, o despudor da garota em tratar sobre o tema (“falta sexo para você”) e o livro erótico que o velho pede para ela ler traçam bem a evolução dessa temática no filme.

Por outro lado, o trabalho não tem esse mesmo cuidado no desenvolvimento de outros pontos da narrativa. A projeção da mulher do idoso na parede, e mesmo o desenvolvimento do romance da jovem, por exemplo, são momentos pouco inspirados.

Como anfitrião dos espectadores, Os Banhistas é até agradável, mas não traz nenhuma experiência marcante, nem tampouco o desejo de regressar a ele em breve.

Nota: 6,0/10 (Regular)

 

*Filme visto no 5º Cinerama.BC – Festival Internacional de Cinema em Balneário Camboriú

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