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O Homem que Matou John Wayne, de Diogo Oliveira e Bruno Laet

07/04/16 às 14:26 Atualizado em 08/10/19 as 20:26
O Homem que Matou John Wayne, de Diogo Oliveira e Bruno Laet

O Homem que Matou John Wayne é um documentário que possui compromisso com a verdade de Ruy Guerra. A multiplicidade de códigos cinematográficos e as grandes vozes recrutadas são orquestradas para representar a luz e a penumbra projetadas no labirinto da cabeça do cineasta homenageado. Uma lembrança selecionada da vida do diretor, escritor, musicista, poeta e personalidade do Cinema Novo é explorada num poema visual vivo, misterioso, com um trabalho de câmera complexo e audacioso.

O entrelaçamento entre as vozes dos entrevistados celebra a figura multifacetada de Ruy; falam pessoas de alta influência na confecção política e revolucionária no campo das artes, principalmente do começo da segunda metade do século passado, no Brasil e no mundo. Gabriel Garcia Márquez, Chico Buarque e Werner Herzog são figuras engajadas em sua trajetória e que alimentam a persona do cineasta moçambicano codificando sua influência formalista, de cunho político e que não coloca valores estéticos em segundo plano.

De fato, é possível assistir a trechos da filmografia de Ruy rasgando atravessadamente a disputa viciada entre arte pura e arte comprometida. Muito além do condenado cinema de causa e efeito, o conflito principal do documentário é entre Ruy-personagem e o desvelamento do seu processo inventivo.

Materializando o estado criativo de Ruy Guerra em um grande labirinto físico e multimídia, as áreas de direção, fotografia, som e arte no filme corporificam as imagens da consciência do cineasta por meio de vultos perambulantes da ficção, por muito projetados como se fizessem parte da lógica translúcida da própria película cinematográfica.

A composição do filme de quadros e sequências ambiciosas parece seguir o que a voz de Ruy prega, ecoando forte entre os planos: para além do talento dos cineastas, as imagens são corajosas. Câmeras viradas, focos com alta distorção e jogos de sombra procuram dar novas perspectivas à composição e traduzir o abstrato, arriscando um hermetismo declarado que não parece editado de maneira avulsa ao filme.

Por mais que o filme concentre-se na dilatação do mito do grande homem, O Homem que Matou John Wayne joga com discursos de manipulação da realidade no cinema, e se faz um programa interessante para equilibrar outras “indigestões cinematográficas” que cultuam muitos americanismos.

Nota: 7,5/10 (Bom)

 

Sessões de O Homem que Matou John Wayne no 21º É Tudo Verdade:

– 11/4 – 19h – Cinearte (São Paulo)

– 14/4 – 19h – Espaço Itaú Botafogo – Sala 6 (São Paulo)

– 15/4 – 16h – Instituto Moreira Salles (Rio de Janeiro)

– 16/4 – 14h – Instituto Moreira Salles (Rio de Janeiro)

– 17/4 – 13h – Cinearte (São Paulo)

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