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Good Ol’ Freda, de Ryan White

08/05/14 às 15:41 Atualizado em 08/10/19 as 20:29
Good Ol’ Freda, de Ryan White

É provável que não haja banda mais explorada como assunto de livros e filmes que os Beatles. A história dos integrantes do quarteto de Liverpool, antes e depois do sucesso, é motivo de curiosidade ainda hoje. Por que, então, demorou tanto para que a secretária pessoal e líder do fã-clube da banda desse seu depoimento sobre a sua convivência de mais de uma década com Paul, John, George e Ringo?

Freda Kelly era apenas uma adolescente quando foi pela primeira vez ao Tavern Club e se encantou com o conjunto que tocava no local. Ela voltou, então, diversas vezes àquele lugar, se tornando uma das primeiras fãs que aqueles garotos viriam a ter na carreira. Aos 17 anos, foi convidada para ser secretária da banda, que naquele momento ainda buscava o sucesso local e nem imaginava se tornar um fenômeno global. Foram 11 anos de trabalho com os Beatles, período que ela recorda no documentário Good Ol’ Freda.

Como o filme adota a perspectiva de Freda, o sucesso dos Beatles é medido principalmente através do número de cartas que a banda recebe. Entre as poucas correspondências que chegavam ao seu endereço pessoal e as milhares vindas de todo mundo e analisadas por uma equipe cada vez maior de profissionais, a vida do quarteto de Liverpool mudou radicalmente, o que, claro, também interferiu nos aspectos pessoal e profissional da secretária.

O documentário não traz nenhuma revelação bombástica sobre os Beatles e, naturalmente, não deve agradar àqueles sem ao menos um pouco de afeição pela banda inglesa. Curiosidades como o baixo número de cartas que Ringo Starr recebia e os pedidos esdrúxulos feitos pelos fãs, que solicitavam pedaços de roupas e cabelos dos integrantes do Fab Four, são o que há de mais interessante para os admiradores da banda.

Pois é aqui que voltamos à pergunta do início do texto: tida como leal e discreta, Freda Kelly só deixou de trabalhar com os Beatles quando a banda acabou, e, desde então, raramente falava sobre aquele período. Ela poderia ter ficado com a enorme quantidade de material que guardou sobre os Beatles e, como tantos outros fizeram, não faltariam editoras para publicar as suas histórias. Para Freda, porém, as memórias pessoais bastavam.

Em certo momento do filme, Freda justifica as atitudes autoritárias de seu pai dizendo que ele era uma pessoa de outro tempo. Curiosamente, agora já uma senhora, ela parece ser adepta de hábitos cada vez mais raros nos dias de hoje: a preservação da privacidade (dela e dos Beatles) e a negação aos holofotes. Em um tempo em que até os atos mais banais são registrados e parecem não existir se não forem divulgados publicamente, Freda surge como uma espécie em extinção. É isso, e não qualquer história sobre os Beatles, que o filme tem de mais interessante.

Nota: 7,5/10 (Bom)  

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