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Geru, de Fábio Baldo e Tico Dias

16/09/14 às 18:02 Atualizado em 08/10/19 as 20:29
Geru, de Fábio Baldo e Tico Dias

Não é todo dia que podemos presenciar (e comemorar) o centenário de alguém vivo. Em Geru, de Fábio Baldo e Tico Dias, José Dias é o aniversariante e nós somos sua companhia. Testemunhamos ele em ações rotineiras e cíclicas, como em refeições, na colheita de frutas ou no mero sentar à sombra para observar a paisagem. Zé Dias usa uma cânula de traqueostomia, mas parece comer bem e não ter maiores problemas de locomoção.

O cinema de observação empregado em boa parte do curta tem seu brilho sustentado na contemplação do singelo do cotidiano, na inserção espacial e na expectativa do que as cenas nos vão revelar sobre Zé Dias. Mas o exercício de observar nunca é simples. É um tipo de cinema que faz um convite, e, para aceitá-lo, devemos nos dispor à espera e quebrar a barreira que separa a nossa realidade do imaginário que enfrentaremos na tela.

Em casos como o de Geru, a ausência do espetaculoso, da premissa sedutora ou de atrativos mais óbvios pode até causar inquietações, mas são elas próprias as prováveis guias para pensamentos sobre a longevidade, sobre a finitude, sobre a permanência daquele personagem, e, em algum sentido, sobre a nossa.

Ainda que flertados com a reflexão existencialista, se persistir a dúvida a respeito de nossa presença ali, junto a Zé Dias, Geru trará, ao final, uma solução bergmaniana e deliciosamente irônica para nossa relação com o protagonista ancião.

Nota: 8,0/10 (Ótimo)

 

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