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Foxcatcher – Uma História que Chocou o Mundo, de Bennett Miller

18/10/14 às 22:33 Atualizado em 08/10/19 as 20:28
Foxcatcher – Uma História que Chocou o Mundo, de Bennett Miller

O diretor Bennett Miller, responsável pelas diversas indicações ao Oscar de seus outros dois longas-metragens, Capote e O Homem que Mudou o Jogo, parece manter sua fórmula de sucesso no recente Foxcatcher – Uma História que Chocou o Mundo, conduzindo o público por mais um filme baseado em fatos reais sobre o backstage de figuras relativamente famosas. Mais intensa que nos trabalhos anteriores, a trama conta sobre o multimilionário treinador de luta livre John Du Pont e sua difícil relação com os lutadores Mark e Dave Schultz em 1988, pouco antes do início das Olimpíadas de Seul.

O ambiente em que se passa o filme é tenso do início ao fim. Com planos parados e abertos, estética lavada e uma direção de arte realista, a sensação de que algo não vai bem paira constantemente no ar, acompanhada da trilha sonora serena e melancólica. A certeza de que alguma tragédia sucederá é plena, como anuncia o próprio título do filme. Nesse contexto previamente opressor, a questão que guia o espectador passa a ser quão longe irá o atrito entre os membros do triângulo Mark-Du Pont-Dave antes que culmine em algum desastre, quase como uma bomba-relógio.

A atuação é um dos melhores pontos do filme. Channing Tatum e Mark Ruffalo tem um ótimo desempenho vivendo os irmãos em crise, mas Steve Carell, imprevisível escolha para interpretar o treinador, é o destaque com sua excelente caracterização, praticamente irreconhecível. Tramitando entre o blasé, o simpático e o opressor, o dissimulado personagem de John Du Pont tem sua sedutora ideologia “caça-raposas” para lutadores vitoriosos logo identificada como um constante exercício de poder, quase político.

Movido pelo patriotismo e o amor ao liberalismo, Du Pont se orgulha de trazer vitórias aos Estados Unidos – um país que ele acredita que perdeu os valores morais – e promove a si mesmo a imagem de um pai, mentor e líder, algo repetido exaustivamente pelo treinador e seus discípulos. Ao se conhecer melhor o homem por trás de tais pensamentos – um obcecado e autoritário colecionador de armas militares, que precisa se provar vencedor até para a própria mãe idosa – percebe-se o quão doentia é sua masturbação egoica, tornando a crescente manipulação dos irmãos lutadores Mark e Dave Schultz agoniante e assustadora, uma vez que o espectador sabe antes deles com que tipo de pessoa estão lidando.

A reflexão sobre quais seriam as qualidades e as consequências da ambição, presente também nos outros trabalhos de Miller, culmina em Foxcatcher em sua face mais extrema e violenta: literalmente, o sacrifício de inocentes em prol da autorrealização. A mensagem forte chega aos espectadores sem dificuldade e, no entanto, de forma bem trabalhada e nada superficial. O longa já começa a render prêmios à equipe, como o de Melhor Diretor em Cannes, e em breve deve chamar atenção do Oscar 2015.

Nota: 8,5/10 (Ótimo)

 

Sessões do filme na 38ª Mostra de São Paulo

– 19/10, às 20h, no Cine Sabesp

– 20/10, às 18h, no Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca 2

 

>>> Acompanhe a cobertura do Cine Festivais para a Mostra de São Paulo

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