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Força Maior, de Ruben Ostlund

20/10/14 às 14:01 Atualizado em 08/10/19 as 20:28
Força Maior, de Ruben Ostlund

No primeiro momento, entramos em contato com uma família feliz. Ao menos é o que sugerem as fotos tiradas em uma estação de esqui francesa. No restante da duração de Força Maior, porém, o diretor sueco Ruben Ostlund tratará de esmaecer a impressão deixada por aquele instante, investindo na desconstrução do relacionamento e, por consequência, do suposto papel de protetor e líder do homem.

O estopim para o conflito se dá durante um almoço no qual estão Tomas, Ebba e os dois filhos. Em um local com vista privilegiada para as montanhas, uma avalanche começa a se aproximar. Todos acreditam ser algo controlado, para turista ver, mas aos poucos a onda de neve vai chegando e o pânico se instaura. Em um impulso, Tomas, pega o seu celular e sai correndo, deixando a mulher e as crianças para trás. Pouco depois, descobrimos que a avalanche era mesmo artificial, mas aquela atitude intempestiva deixa marcas imateriais.

Se a força da natureza pode ser controlada naquele local, o mesmo não ocorre com o lado animalesco e instintivo do ser humano. Daí surge toda a discussão sobre relacionamento que guia o filme. A esposa até tenta, a princípio, ignorar o acontecido, mas o certo é que não sabe o que esperar do marido depois de sua demonstração de egoísmo. Tomas, provavelmente assustado por aquilo que fez, prefere negar o fato e esconder um lado de si que ele desconhecia até então.

O filme foge de um tom excessivamente solene e utiliza o humor para expor a dose de ridículo e de absurdo que de alguma forma é inerente aos relacionamentos e às pessoas. O modo irônico com que a trilha sonora erudita é utilizada e a entrada de um novo casal na discussão fortalecem esse lado crítico e ao mesmo tempo bem-humorado do trabalho.

Por outro lado, Força Maior perde a chance de não se levar tão a sério durante a sequência final, que relativiza o que viera até então ao deixar o marido e a mulher quites em termos de descontrole. Ao colocar todos no mesmo saco, o trabalho flerta com um psicologismo que enfraquece a sua reflexão sobre o imponderável que ronda o ser humano.

Nota: 7,0/10 (Bom)

 

*Filme visto na 38ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

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