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Dólares de Areia, de Israel Cárdenas e Laura Amelia Guzmán

05/11/14 às 11:00 Atualizado em 08/10/19 as 20:28
Dólares de Areia, de Israel Cárdenas e Laura Amelia Guzmán

Não faltam em Dólares de Areia, do mexicano Israel Cárdenas e da dominicana Laura Amelia Guzmán, chamativos que atraiam curiosos ao filme exótico. Começando por sua multinacionalidade latina, comprovada pela dupla de diretores e pelos coprodutores argentinos e mexicanos, o filme é rodado na República Domicana, país que possui uma produção cinematográfica inexpressiva, com muito menos filmes por ano do que o Brasil, por exemplo. Apesar do pequeno porte, o filme conta com a atriz Geraldine Chaplin (Anne), filha de Charlie Chaplin, contracenando com Yanet Mojica (Noelí), atriz dominicana estreante. Para completar a inusitada combinação, a história trata do relacionamento amoroso entre as duas durante a estadia de Anne nas belas praias de Las Terrenas, contrastando suas grandes diferenças de idade, aparência, personalidade e objetivos.

O constante contraste entre elementos é, afinal, o tema central do filme. A própria montagem promove grandes quebras entre as cenas, cortando de um take barulhento e saturado para outro silencioso e neutro. Noelí, a protagonista, vive intensamente essas oposições, quase em uma vida dupla. Quando fora de serviço, a jovem negra mantém um estranho namoro com um garoto nativo de sua idade, em um relacionamento no qual a pressão por achar meios de conseguir dinheiro é assunto predominante. Paradoxalmente, quando é paga para entreter Anne, europeia muito mais velha que ela, o que prevalece é o afeto, evitando-se falar de dinheiro.

Apesar da boa ideia trazida pela história, o filme falha ao desenvolvê-la por não aprofundar os personagens, partindo logo para as relações entre eles. Sua curta duração – apenas 80 minutos – não acompanha um roteiro condizente e força um filme que poderia ser mais longo a se encaixar no tempo disponível. Somente o essencial da trama é mostrado: são raras as cenas de ambientação e de construção de personagens, o que dá um efeito ruim aos recortes da relação de cada um deles com Noelí, pois estes não são capazes de gerar um conjunto consistente por si só, tornando o filme um pouco superficial.

Tal deslize lembra bastante alguns filmes brasileiros, de duração inclusive parecida, nos quais o público simplesmente não se apega aos personagens devido ao raso aprofundamento das situações. Talvez esse ainda seja um desafio aos países com uma cinematografia em crescimento, onde muitas vezes a linguagem do filme não se adapta o bastante às suas condições restritas, decorrentes em geral da pouca verba disponível, o que prejudica a eficiência do roteiro.

Mesmo com defeitos, Dólares de Areia se sustenta o bastante para não se tornar um filme chato: os personagens são interessantes e o contraste entre eles consegue ao menos quebrar alguns paradigmas, principalmente através de Geraldine Chaplin, que com sua beleza e ótima atuação mostra como a velhice pode ser irrelevante e até mesmo atraente. O filme tem boas atuações, uma ótima trilha sonora e é agradável de se assistir, fazendo com que a superficialidade constatada ao final incomode mais por frustrar o desejo de ter conhecido melhor uma boa história.

Nota: 5,5/10,0 (Regular)

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