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Peixe e Gato, de Shahram Mokri

21/10/13 às 12:19 Atualizado em 08/10/19 as 20:30
Peixe e Gato, de Shahram Mokri

Longas inteiramente filmados em um único plano-sequência  são extremamente raros. O público brasileiro pôde conferir um belíssimo exemplo com Arca Russa, de Aleksandr Sokúrov, há pouco mais de dez anos na 26ª edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Bem menos badalado, chega agora esse filme iraniano com 134 minutos captados sem cortes que também merece muito ser conferido.

Qualquer sinopse dirá que esse longa é sobre a história dos funcionários de um restaurante iraniano que aproveitam um festival universitário local para adquirir carne – no caso, dos próprios estudantes. Enquanto não posso falar que isso é o menos importante, é seguro dizer que essa informação passa longe de definir o registro ou a narrativa vista no longa.

Dotado de uma polissemia extasiante (mas sem perder o chão), a história contada por Shahram Mokri (Askhan, O Anel Encantado e Outras Histórias, da 33ª Mostra) possibilita que o filme seja visto diversas vezes, sempre trazendo novas leituras e detalhes. Tanto o trajeto quanto os planos feitos pela câmera parecem ter sido muito bem planejados e ensaiados, com frames bem compostos e poucos momentos de perda de foco ou balanço não intencional – algo a se louvar pensando que não havia lugar para um grande erro sequer por 134 minutos.

Um dos principais recursos que Mokri usa para manter o interesse dos espectadores até o fim é uma troca constante e orgânica de protagonistas, normalmente cambiados durante diálogos ou breves encontros. Além disso, o diretor não se priva do uso de déjà vu e outras transgressões temporais (lembrando: em um plano-sequência) para detalhar o que acontece com diferentes caminhos seguidos em sua dança pelo cenário – no qual provavelmente explorou um raio de 500 metros.

Esbanjando riqueza simbólica, Peixe e Gato é o primeiro filme realmente imperdível dessa Mostra, trazendo uma experiência hipnotizante e muito singular, que pode remeter a mestres contemporâneos, como Sokúrov, e também a alguns antigos, como Angelopoulos, Wenders e Godard. Mais uma amostra do cinema de ponta que vem sendo realizado por cineastas iranianos.

Nota: 10/10 (Excelente)

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