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Ausência, de Chico Teixeira

21/10/14 às 01:45 Atualizado em 08/10/19 as 20:28
Ausência, de Chico Teixeira

Basta dar uma breve olhada na programação da 38ª Mostra de São Paulo para constatar a presença de um número considerável de filmes que tratam do amadurecimento de adolescentes. Nesses trabalhos, os desafios iniciais são a fuga dos lugares-comuns e a busca por algo que seja, se não original, pelo menos marcante e bem desenvolvido. Infelizmente, o longa-metragem Ausência, de Chico Teixeira, fracassa nessa tentativa.

Após o abandono do pai, Serginho (Matheus Fagundes), um adolescente de 15 anos, vê as suas responsabilidades aumentarem. A mãe (Gilda Nomacce), alcoólatra, é mais cuidada por ele do que o contrário, enquanto esse lado protetor também pode ser visto no relacionamento com o irmão mais novo. Longe da escola, ele agora trabalha com o tio na feira, local em que a sua fala alta e segura tenta passar uma imagem adulta. É o típico caso de uma infância interrompida bruscamente, o que inevitavelmente deixará marcas internas no garoto.

O roteiro propositalmente lacunar deixa questões a serem resolvidas pelo espectador. Não sabemos, por exemplo, o que levou o pai a abandonar a família (o alcoolismo da mãe seria causa ou consequência disso?) e quando Serginho deixou a escola. Apenas supomos que ele já teve aula com o professor Ney (Irandhir Santos), homem bem mais velho que ele visita periodicamente. E assim por diante.

Acontece que, apesar desse esforço de construção do universo da história, o roteiro falha no mais básico: o desenvolvimento do protagonista. A sensação é de que tudo fica pela metade, seja na relação de Serginho com a mãe, com os dois amigos ou com o professor, o que acaba gerando uma indiferença do espectador em relação ao personagem principal. Falta algo que nos faça olhar para ele como alguém realmente interessante.

Com pouco tempo em tela, Irandhir Santos até se esforça para trazer nuances para seu personagem, mas a trama em que ele interpreta o professor Ney se resolve de maneira atabalhoada e óbvia, em um diálogo que expõe a já subentendida e dúbia relação de Serginho, que sente falta de uma referência paterna ao mesmo tempo em que descobre a sua sexualidade.

Mais preocupado em sugerir questionamentos em relação ao passado dos personagens do que em investir em uma história com soluções que fujam da obviedade, o filme faz questão de reiterar o lado juvenil de Serginho, como ocorre em suas idas ao circo. Se as soluções equivocadas parassem por aí, esse clichê seria quase inofensivo, mas Ausência abdica de qualquer sutileza ao final, quando trilha um caminho genérico e nada inspirado que retira a pouca força que ainda restava no trabalho.

Nota: 5,0/10 (Ruim)

 

Sessões na 38ª Mostra de São Paulo

– 27/10, às 17h35, no Cine Caixa Belas Artes – Sala SPCine

 

>>> Acompanhe a cobertura do Cine Festivais para a Mostra de São Paulo

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