facebook instagram twitter search menu youtube envelope share-alt bubble chevron-down chevron-up link close dots right left arrow-down whatsapp back

Uma Dose Violenta de Qualquer Coisa, de Gustavo Galvão

25/10/13 às 10:46 Atualizado em 08/10/19 as 20:29
Uma Dose Violenta de Qualquer Coisa, de Gustavo Galvão

Vendo os primeiros instantes deste filme, é razoável suspeitar que uma iniciativa experimental se desdobrará na tela. Algumas opções visuais, narrativas e principalmente sonoras dão um sabor de cinema marginal ao segundo longa de Gustavo Galvão (Nove Crônicas para um Coração aos Berros, da 36ª Mostra). No entanto, Uma Dose Violenta de Qualquer Coisa apresenta uma história concreta e provocante, que pode ser vista sem receios pelo público.

Pedro (Vinícius Ferreira) decide repentinamente largar tudo e fugir de Brasília, caindo na estrada sem destino certo. No meio do caminho, ele conhece Lucas (Marat Descartes), que também não tem muita direção na vida, mas conta com toda a malícia e a ousadia das quais Pedro carece – seja para lidar com mulheres ou com negócios escusos. No tranco, a dupla se forma e segue pelo Brasil afora.

Não é à toa que o filme ganhou prêmio de Melhor Trilha Sonora no Festival de Brasília em setembro. A improvisação livre de Ivo Perelman, Matthew Ship, Mat Maneri e o Sirius Quartet, ponto fortíssimo do longa, parece ser a representação mais acurada do que se passa na cabeça de ambos os personagens, principalmente a do protagonista, atormentado e em busca de isolamento.

As atuações também ajudam a passar essa impressão de desnorteamento, principalmente a do alucinado “Lulu”, interpretado por Marat Descartes (Os Inquilinos, 2 Coelhos), que vai acumulando uma presença sólida em boas produções do cinema nacional. A breve ponta do dramaturgo Mario Bortolotto (em ambiente mais que adequado à sua obra) também brilha. Só lamento a falta de naturalidade em certos diálogos, que poderiam ser aparados para ficarem mais casuais e menos lidos, atingindo alinhamento maior com os demais elementos do filme.

Conciliando a boa atmosfera a uma história que leva por caminhos pouco previsíveis, Galvão conseguiu fazer um filme bacana que não dispensa experimentos, mas também pode ser facilmente apreciado por quem está em busca de diversão.

Nota: 8,0/10 (Ótimo)

Entre em contato

Assinar

Siga no Cine Festivais