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Inside Llewyn Davis, de Joel e Ethan Coen

23/10/13 às 10:48 Atualizado em 08/10/19 as 20:30
Inside Llewyn Davis, de Joel e Ethan Coen

Llewyn Davis (Oscar Isaac, em grande atuação) é um personagem que sofre por não se adequar, nos mais variados aspectos, ao mundo em que vive. O seu talento musical é incompreendido, mas ele não deseja que a essência da sua arte seja modificada; as suas relações sociais lhe garantem um teto para dormir, mas ele não estabelece nenhum vínculo afetivo duradouro. O protagonista do novo filme dos irmãos Joel e Ethan Coen é, em suma, um anti-herói que vive impregnado pela melancolia que as suas próprias canções exalam.

Saltando de casa em casa e tentando voltar a ganhar dinheiro com a sua música depois de ter uma parceria interrompida, o protagonista busca antes de tudo a sobrevivência diária. O roteiro vai revelando aos poucos detalhes sobre a sua vida, mas aos Coen o que mais interessa é pontuar a rotina de pequenos fracassos do personagem em meio a um ambiente hostil.

A Nova York dos anos 60 torna-se um elemento importante para a narrativa ao ser fotografada por Bruno Delbonnel com cores lavadas que transmitem a frieza do local (e de seus habitantes). É interessante notar também a composição dos corredores estreitos pelos quais Llewyn circula ao longo do filme, que sugerem simbolicamente a opressão exercida sobre ele pelo mundo que habita.

As dificuldades que enfrenta, porém, não contribuem para uma idealização do protagonista. Llewyn é um homem orgulhoso que atribui a si mesmo um ar de superioridade que não cai bem para alguém na situação financeira e emocional em que se encontra. A sua relação conturbada com a ex-namorada Jean (Carey Mulligan) é um exemplo da frieza do protagonista, mas os defeitos acabam por enriquecer um personagem que conquista mesmo os espectadores através da beleza de sua música e de suas tentativas recorrentes de torná-la reconhecida.

Através da odisseia particular e desglamorizada de um protagonista que, ao contrário do Ulisses de Homero e do gato de uma família amiga, não tem para onde voltar, os Coen discutem as noções de sucesso e fracasso que permeiam nossas vidas e que, além de estarem submetidas invariavelmente ao acaso, são bem mais subjetivas do que parecem. Afinal de contas, um sucesso costuma ser precedido por muitos fracassos.

Nota: 8,0/10 (Ótimo)

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