Cine Festivais | Assessor da Ancine fala sobre o lugar do cinema brasileiro no mundo

Eduardo Valente conhece os meandros dos grandes festivais internacionais de cinema por dois pontos de vista. Como cineasta, ele levou os seus três curtas-metragens e um longa-metragem (No Meu Lugar) para diferentes mostras em Cannes, onde foi premiado já com o primeiro trabalho, Um Sol Alaranjado, na seção de filmes de escola Cinéfondation, que naquele ano teve como presidente do júri o americano Martin Scorsese. Desde 2011, Valente é assessor internacional da Agência Nacional do Cinema (Ancine), cargo que lhe dá uma visão privilegiada a respeito do lugar do cinema brasileiro no mundo nos dias de hoje.

Durante a 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes, Eduardo Valente conversou com o Cine Festivais a respeito da inserção dos filmes nacionais em eventos mundiais. Nos últimos anos, o baixo número de trabalhos brasileiros selecionados para as competições oficiais dos principais festivais internacionais tem tido como contraponto uma presença cada vez maior do país em seções paralelas de festivais como os de Roterdã, Locarno e Berlim.

“Nesse ponto, acho que há duas questões que se misturam. Uma delas é que na maior parte das vezes os filmes que participam das competições dos principais festivais são feitos em coproduções com países europeus, e isso ainda é mais raro para filmes brasileiros do que para trabalhos argentinos, chilenos e mexicanos, por exemplo. Outra questão, que é específica do ambiente da produção brasileira, tem a ver com um abismo entre uma produção radicalmente independente – que gera filmes muito interessantes, mas que os festivais maiores não costumam colocar na competição – e um cinema que começa a aventar resultados de bilheteria e que em geral também não realiza os filmes que vão para festivais internacionais”, opina Valente.

Veja no vídeo abaixo a entrevista completa com Eduardo Valente.