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Outras tensiona debate racial a partir de vivências individuais e coletivas

22/01/18 às 15:19 Atualizado em 11/10/19 as 11:39
Outras tensiona debate racial a partir de vivências individuais e coletivas

Falar sobre o processo de criação de Outras é para a diretora Ana Julia Travia um exercício de rememoração de um tempo já um pouco distante. A cineasta formada em Audiovisual pela Universidade de São Paulo (USP) realizou o filme como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), terminado no meio de 2016. Então um média-metragem de 50 minutos, a obra passou por um segundo processo de montagem que resultou no curta-metragem de 22 minutos que será exibido na 21ª Mostra de Tiradentes nesta segunda (22), dentro da seção competitiva Foco.

Nesse meio tempo, Ana Julia se engajou em outros projetos, como na montagem do curta-metragem Peripatético e na direção e roteiro de projetos que estão em desenvolvimento. Foi nesse período também que ela foi à Mostra de Tiradentes em 2017, algo que ajudou na conclusão de Outras.

“Pelo que eu vi ali, notei que as discussões eram interessantes, mas achei que faltava uma cinefilia mais feminista, algo que eu tentei trazer um pouco para o meu curta. Tem alguns filmes que são feministas mas que são muito de consenso, sabe? Tipo, é legal discutir sobre assédio, discutir violência doméstica, mas aí você fica se perguntando: ‘e a forma do filme? Como que a gente fala isso? O que significa ser um filme feminista?’ E eu percebi que eu tinha discutido isso enquanto estava fazendo o meu filme”, diz a diretora.

Outras parte de vivências de mulheres próximas às pessoas da equipe do filme para debater desigualdades de gênero e, principalmente, de raça que afetam o cotidiano de mulheres negras. Filha de mãe branca e pai negro, a cineasta também se coloca no filme, que utiliza na banda sonora entrevistas, diários escritos pelas personagens e cartas ficcionais escritas pelas realizadoras.

Na conversa a seguir, realizada em São Paulo, Ana Julia Travia falou ao Cine Festivais sobre diversas questões que envolvem a sua trajetória e o processo de criação do curta-metragem Outras.

 

Cine Festivais: Como foi o caminho de transformação deste seu trabalho de TCC no curta-metragem Outras, que estreia agora na 21ª Mostra de Tiradentes? 

Ana Julia Travia: Eu entrei na produção do Outras em 2015 e a minha apresentação dele como meu projeto de TCC foi no meio de 2016. Naquele momento era um média-metragem de 50 minutos, e ele teve uma banca muito interessante, porque não houve um consenso entre as avaliadoras [as cineastas Lilian Solá Santiago e Renata Martins e as professoras Esther Hamburger e Cecília Mello]. A partir dali eu tive a ideia de voltar para a montagem, e no meio de 2017 a gente chegou a essa versão como curta.

 

Quais foram as principais ressalvas apresentadas pela banca?

A Lilian apontou uma questão de mercado. Ela não sabia qual janela um filme de 50 minutos poderia ocupar. A priori eu queria levar este filme apenas para cineclubes feministas, ter uma proposta de roda de conversa entre mulheres. Aí a partir disso a gente gravou mais algum material e começamos a montar essa segunda versão.

Outra coisa que a Lilian falou é que eu deveria trabalhar algumas questões na terapia. Foi muito forte ela dizer isso no meio da banca. Eu falei: “não, eu quero trabalhar no cinema. Acho que eu quero compartilhar algumas dores com o coletivo.” Talvez eu tenha mesmo que fazer terapia, mas eu já vi tanto homem fazendo terapia no cinema que eu acho que tenho direito de entrar um pouco nessa personagem fazendo esse filme.

Nesse meio tempo também teve a experiência de eu ir para a Mostra de Tiradentes como espectadora, no começo do ano passado. Lá eu vi alguns filmes que tratavam de uma temática parecida e comecei a pensar que o Outras poderia ter uma janela em festivais. Pelo que eu vi ali, e até mesmo nos filmes do Kinoforum, notei que as discussões eram interessantes, mas achei que faltava uma cinefilia mais feminista, algo que eu tentei trazer um pouco para o meu curta. Tem alguns filmes que são feministas mas que são muito de consenso, sabe? Tipo, é legal discutir sobre assédio, discutir violência doméstica, mas aí você fica se perguntando: “e a forma do filme? Como que a gente fala isso? O que significa ser um filme feminista?” E eu percebi que eu tinha discutido isso enquanto estava fazendo o meu filme. E apesar dos trancos e barrancos, a gente chegou com ele a um lugar que gostamos muito hoje em dia.

 

Como foi o trajeto até chegar nessa proposta de TCC?

Nessa época em que tínhamos que propor o TCC a gente tinha a ideia de realizar um filme manifesto contra a presença da musa no cinema. Era uma coisa voltada contra o tipo de cinefilia que o grupo de meninos da nossa turma achava boa. Na mesma época, em 2014, 2015, começou a haver muitas discussões sobre a presença das mulheres na fotografia, os caras boicotavam elas em algumas áreas. Então a gente começou a se juntar enquanto mulheres do cinema dentro da faculdade e passamos a ver outros filmes. Uma amiga minha roteirista, Mariana Vieira, gostava muito do cinema da Marguerite Duras, de como ela trabalhava o som e a imagem, até que um dia percebemos que talvez essa questão de criticarmos a noção de musa no cinema seria um tiro no pé; por que ficar obcecada por essa figura pela qual homens são obcecados? Foi aí que tive essa proposta de falar do cotidiano de mulheres. A ideia era fazer um filme mostrando um dia inteiro de uma mulher, e essa vontade aumentou depois que vi Os Enigmas da Esfinge, da Laura Mulvey. O outro critério que decidimos foi o de filmar mulheres com quem a gente tem alguma aproximação, então todas elas fazem parte do círculo social da equipe.

 

Tem uma fala de uma personagem do filme, a Mariane, em que ela diz que em dado momento entendeu que tinha que assumir a responsabilidade dela enquanto negra perante a família, os vizinhos, etc. Ela passa uma ideia de tomada de consciência sobre a questão racial. Queria saber se essa frase tem alguma coisa a ver com a sua relação com o cinema e o curso da USP.

Eu acho que tem sim. Não tem como não ter. Eu falo que na USP eu primeiro entendi que era mulher e depois entendi que era negra. Nesse sentido de se posicionar, dessa responsabilidade que a Mariane fala no filme, que vem de começar a entender que em alguns espaços sua presença tem que ser negociada e você tem que se portar de uma certa maneira. Isso é muito doloroso porque você tem que jogar um jogo que talvez você não queira fazer naquele momento.

Por exemplo, eu comecei a me juntar com mulheres, mas chega um momento que você percebe que tem um certo debate que elas não conseguem fazer, e que eu só vou conseguir ter com mulheres negras, e com homens negros até um certo nível. A Mariane é muito essa figura de referência dentro do curso. Minha turma tinha duas mulheres negras, eu e a Carol Rodrigues. Quando a Mariane entra não tem dúvida de que ela é negra, né, por causa da cor mais escura da pele dela com relação à minha. E essa turma dela, de 2013, era muito engajada politicamente. Acho que foi até um susto para os professores, eles já entraram falando mal do curso no primeiro semestre (risos), foi uma turma muito boa nesse sentido político. A Mariane foi esse vislumbre de que eu podia estar ali sendo eu, sendo também uma aluna negra. Até por esse motivo eu chamei ela para participar como personagem do filme.

 

Falando sobre o curso da USP, queria saber se você sentiu algum tipo de atrito entre o que você estava pensando sobre cinema e o que estava sendo passado em sala de aula?

Atrito sempre teve. Acho que a importância da diversidade entra um pouco nesse aspecto. As pessoas sabem tudo de cinema francês, de cinema italiano, mas muitas vezes para por aí. Então quando eu quis dar mais atenção a outras coisas, chegou um momento em que meus professores não tinham referência para me dar. Naquele momento esses grupos de Facebook que reúnem mulheres não eram tão fortes como hoje, então muitas vezes eu não sabia para onde ir. Eu sabia quais referências eu não queria, mas o que eu queria eu não consegui ter contato. Estava muito perto delas, mas não consegui acessá-las por falta de encaminhamento acadêmico. Eu pedia referências sobre cinema feminista e aí me recomendavam uma bibliografia, mas não tinha como eu ler 500 páginas no meio do processo de um filme. Eu precisava ver filmes relacionados. E na faculdade eu tinha um círculo social limitado. Era uma cinefilia muito concentrada naquele lugar. Então vejo mais como um desconhecimento dos professores do que propriamente uma falta de vontade de discutir essas coisas.

 

Entrando um pouco no Outras, gostaria que você falasse como pensou a sua inserção como personagem dentro do filme.

Nas discussões com a roteirista chegamos a um consenso de que era impossível a gente se ausentar totalmente desse filme enquanto mulheres realizadoras que queriam falar da questão do trabalho doméstico, da afetividade, coisas muito ligadas com uma parte mais emocional do que com algo racional. Nesse sentido fomos percebendo que tem assuntos que parecem frases de mãe: só muda o endereço. Dentro do grupo que estava fazendo o filme a gente começou a discutir sobre isso e a ler muito Simone de Beauvoir, bel hooks, e vimos que a partir do momento que uma experiência começa a se repetir, ela se torna coletiva.

Nesse sentido que veio a ideia de retratar familiares. Naquela época eu estava muito obcecada por não ser ofensiva com as pessoas que eu filmava, e achava que se eu convidasse muito um pessoal de fora, eu não conseguiria esse olhar afetuoso. Então acabei ficando com essas mulheres mais próximas, e aí a gente começa a entrar no processo do filme. Com algumas mulheres demos um diário para que elas anotassem os pensamentos delas durante a rotina, com outras fizemos entrevistas.

 

Desde o começo havia essa ideia de fazer uma contraposição entre famílias brancas e famílias negras?

Lembro que para mim o filme tinha que ter personagens brancas e negras. Isso está muito no que eu sou, filha de mãe branca. Durante a realização a gente foi entendendo que se identificava muito mais com a segunda parte do filme [que retrata pessoas negras]. Foi um momento em que passei a me envolver muito em debates sobre questões raciais em diversos grupos, e percebi que havia um rompimento do ambiente familiar com o ambiente externo. Essa é uma ruptura forte, que está presente na imagem do filme. Mas foi só na montagem que eu entendi realmente como essas duas partes do filme se relacionavam, e também como eu me relacionava com elas.

 

Como você lidou com esse gesto de expor questões familiares no filme?

Isso foi uma discussão na banca, chamaram a gente de juventude arrogante por estarmos analisando o cotidiano de nossas mães. No processo do filme a gente foi percebendo que isso não é pior ou melhor, foi o que aconteceu na vida, elas fizeram o que acharam melhor e graças a Deus a gente está aqui hoje em dia. Mas tem essa coisa meio freudiana de filhas querendo romper com a tradição que a mãe deixou. Foi um pouco assim o primeiro impulso do filme. Muita gente acha que é uma puta treta esse negocio de eu falar que minha mãe é branca e eu sou negra, e eu acho que não. Eu vejo como fatos. Ela não deixa de ser minha mãe, eu não deixo de sentir um enorme amor por ela, mas são fatos que pautam o meu cotidiano, como eu vou experimentar a vida.

Acho que essa questão inter-racial de ser pardo, negro, de ter a pele mais clara, a gente não tem uma elaboração cinematográfica sobre isso, sabe? Tem essa coisa meio Gilberto Freyre, “ah, tudo é festa”, mas é uma treta. A gente sabe hoje que muito da miscigenação veio do estupro. Na minha família veio como um dado de amor mesmo, um homem negro que quis ficar com uma mulher branca, uma mulher branca que quis ficar com um homem negro, e a gente também tem que falar disso, desses dois lados. Se a gente é o país que se chama de mestiços e a gente não tem filmes que falam sobre isso dessa forma, sobre a treta que é, acho que a gente tem muita coisa para falar ainda no cinema, né?

 

Pensando na relação entre imagem e som no filme a partir desse movimento do individual para o coletivo, me parece que o som no filme nega a experiência da individualidade constantemente. Ele nunca está apenas descrevendo aquela individualidade, e sim atravessando aquela imagem para torná-la mais complexa. Gostaria que você falasse sobre esse trabalho.

Por eu e a Mariana (roteirista) gostarmos muito de som, havia uma coisa de tentar colocar o som no mesmo nível descritivo da imagem, porque as coisas se atravessam mesmo. Nos dois momentos em que aparece a minha voz contando histórias eu falo de coisas que realmente aconteceram, e o louco é que quando fui ler bel hooks, depois do processo do filme, eu vi que as experiências eram iguais. É aí que você percebe como essas são percepções comuns às mulheres, e não sei por que elas não estão no cinema. Talvez porque alguém falou que não era legal, inspirador, estético o suficiente para estar lá.

Este uso do som faz com que o trabalho amplie essa noção do coletivo. A gente queria embaralhar as entrevistas, os diários escritos pelas personagens, as cartas fictícias escritas por nós. Só a gente sabe os níveis que estão trabalhados nesses discursos sonoros, e é muito legal resolver isso no som, que muitas vezes fica em segundo plano em relação ao trabalho com a imagem.

Nisso entra nossa relação com outros departamentos também. Na fotografia eu não sentia necessidade de uma imagem bonita, e inclusive há momentos no filme em que eu acho a fotografia mais bonita do que eu gostaria que fosse.

Eu queria muito um filme repetitivo, claustrofóbico, que é como eu via muito esse cotidiano. É aquela coisa: posso escolher ser dona de casa, mas se eu não for, a outra escolha é muito mais difícil. Então é natural que o som vá para essa coisa mais coletiva porque você não vê quem é a pessoa que está falando.

Teve um momento do filme em que eu queria colocar uma jovem mãe. A gente vê adolescentes grávidas no jornal, mas eu não queria retratar a imagem delas assim. Uma das personagens do filme falou na entrevista que o único momento de folga dela sendo uma jovem mãe era no banho; era a única hora em que ela poderia pensar nela. Meter uma câmera na cara daquela mulher e filmar ela no banho não era coerente com o que eu queria fazer.

 

Gostaria que você falasse também sobre o modo como o filme termina, com uma fala a respeito do papel das pessoas brancas na perpetuação de uma sociedade racista.

É a única fala de um cara no filme, né? Esse final foi muito difícil para mim. A gente sempre pensou em terminar o filme com uma dança, que seria um alívio não para o espectador, mas para a personagem. Por uma série de motivos não conseguimos gravar essa cena.

A gente fica o tempo inteiro falando “essa é minha responsabilidade”, “eu preciso”, “eu quero ser”… A Mariane só precisa se responsabilizar porque pessoas que estão em maioria não tem essa postura, acham que tudo está bem, que o debate não tem nada a ver com elas. Aí é muito difícil você conseguir qualquer diálogo. E a fala final do filme, que foi gravada no Festival de Cotas da USP, diz “queríamos agradecer aos brancos por tornarem possível esse evento, mas foram vocês que inventaram isso”. Afinal, foi uma pessoa branca que falou “você é diferente porque a sua pele é negra”. Então não tem como eu ser duas vezes melhor em tudo que eu faço e você não tomar nenhuma atitude. É meio nesse sentido, de que nós, mulheres negras, não conseguimos mudar as coisas sozinhas.

 

Vi uma relação de seus trabalhos com dois filmes recentes em que se abre uma espécie de fenda narrativa. Em Peripatético, da Jéssica Queiroz, essa fenda é visual, através da abertura do cenário, que vem para dizer que não é possível olhar para aquela busca por emprego de maneira meritocrática, sem levar em conta questões de raça e classe. Já Tentei, de Laís Melo, é um filme que retrata uma situação de abuso doméstico, e após o fracasso na tentativa da mulher de recorrer aos meios legais para encerrar aquele ciclo de violência, resta à personagem uma revolta contra a própria câmera que a documenta, dando conta da impossibilidade do cinema no sentido de acessar determinadas dores e de aplacar determinadas violências. Acho que o Outras se associa a esses filmes a partir do blecaute que separa a primeira da segunda parte. Enxergo aquilo como uma fenda racial, no sentido de que a partir daquele momento não é possível olhar para aquela situação se atendo apenas a questões de classe, e então a discussão sobre raça se explicita. Você vê sentido nessa leitura?   

Vejo, totalmente. Quando você é uma realizadora negra você está usando essa ferramenta (câmera) que foi ao longo da história do cinema usada contra você. Então sempre vem essa questão em algum momento: “estou fazendo o que fizeram comigo.” E eu acho que tem uma coisa que precisa escapar, que a câmera não dá conta. Ela não dá conta de tudo o que aconteceu e de tudo o que a gente precisa falar.

Acho interessante você fazer essa observação. No Peripatético eu fui a montadora, acho que essa ideia [da abertura da parede] veio da direção de arte. Ainda não vi Tentei, mas tenho interesse em vê-lo. Porque é isso, tem momentos em que a gente fica encurralada como realizadora.

Falando do Outras, era um momento frágil, em que eu estava tentando me formar para sair da USP e ao mesmo tempo estava rolando toda uma efervescência política, discussões sobre lugar de fala, e tal. Então tem um momento em que você pensa: “cara, essas imagens não são suficientes.” Acho que por enquanto esses recursos, essas soluções que você apontou, vão existir. Acho bem natural essa recorrência, porque dá um tilt na sua cabeça por perceber onde você está, quem é você dentro dessas discussões, para onde tem que levar o debate…

Esse esforço de continuar com o Outras entra muito nessa questão de onde eu, enquanto realizadora, preciso estar, quais discussões eu preciso fazer. A minha responsabilidade – entramos de novo nessa palavra (risos) – é não desistir. Porque a gente precisa sim dessas elaborações. Mesmo que problemáticas e incipientes, elas precisam estar no cinema. A gente precisa desse intercâmbio com essas pessoas falando essas coisas, sabe? Seja no Tentei, seja no Peripatético, seja no Deus… Eu acho que é natural ter esses momentos em que você precisa dar um tempo dentro do filme e compartilhar isso.

 

Você esteve na Mostra de Tiradentes em 2017 como espectadora. Quais foram as impressões que o festival deixou?

Tiradentes é um festival diferente porque concentra todo um público que está ali para ver e debater filmes durante uma semana. O que você pode fazer além disso é dar uma fugida para as cidades históricas ou pegar uma cachoeira ali do lado, não tem muita saída. Lá me senti em um grande clube onde todo mundo se conhece, sabe como se portar, o que fazer. O mais importante de estar lá em 2017 foi “baixar a bola” [do festival] e ver que meu filme poderia estar lá. Estar ali me deu vontade de concluir esse segundo corte do Outras. A princípio eu queria tentar escapar desse circuito de festivais, dessa busca pelo respaldo, mas percebi que isso não é possível. Pelo menos nesse momento em que estou na minha vida, esses espaços vão ter que me abrir essas portas.

Ao mesmo tempo percebi que existe uma falta de contato com a diferença. Eu acho que o consenso faz mal para os festivais. Você chega num debate e todo mundo fala: “bom, bom pra caralho esse filme.” Não quero saber se é bom pra caralho, acho que a discussão não é por aí, se é bom ou ruim, e sim é o que nós do audiovisual estamos pensando de imagens para esse País, que tipos de soluções estão sendo propostas e o que deve ser valorizado ou não. Até para a própria expansão e renovação do espaço dos festivais, é importante haver embates mais fortes.

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