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22º Mix Brasil tem pré-candidatos ao Oscar e boom de filmes nacionais

13/11/14 às 12:48 Atualizado em 13/11/14 as 12:54
22º Mix Brasil tem pré-candidatos ao Oscar e boom de filmes nacionais

Contando a história de um adolescente cego que descobre a sua sexualidade e se apaixona por um colega de classe, o filme Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, de Daniel Ribeiro, conquistou prêmios em festivais importantes (como o de Berlim), passou dos 200 mil espectadores nas salas brasileiras e foi indicado pelo País para concorrer a uma vaga na categoria de melhor filme em língua estrangeira no Oscar 2015. Assim como ele, outros trabalhos que se inserem no universo LGBT estão nessa disputa, como o português E Agora? Lembra-Me, de Joaquim Pinto, e o canadense Mommy, de Xavier Dolan. Estes três longas-metragens fazem parte da vasta programação da 22ª edição do Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, que acontece entre os dias 13 e 23 de novembro em São Paulo.

“A inserção de filmes LGBTs no circuito é uma mudança mundial. Além dos três pré-candidatos ao Oscar que nós vamos exibir no festival, há trabalhos indicados por outros países que também tratam deste tema, como o suíço O Círculo. Isso mostra uma nova abertura que estamos conseguindo”, opina João Federici, diretor do Mix Brasil, em conversa com o Cine Festivais.

O filme de Daniel Ribeiro é o exemplar mais famoso de uma vertente do cinema brasileiro que vem crescendo. Neste ano, o alto número de inscrições de obras nacionais fez com que o Mix Brasil criasse uma mostra competitiva para os trabalhos de média/longa-metragem. Entre os dez concorrentes destes formatos ao prêmio Coelho de Ouro estão os documentários Cássia, de Paulo Henrique Fontenelle, que fala sobre a cantora Cássia Eller, e Favela Gay, de Rodrigo Felha, que mostra como é a vida da comunidade LGBT nas favelas do Rio de Janeiro. Entre as ficções, Batguano, de Tavinho Teixeira, propõe uma visão peculiar sobre os personagens Batman e Robin, que aparecem velhos e aposentados no filme.

O boom dessas produções nacionais está na ponta de um processo de afirmação da diversidade que o Mix Brasil acompanhou e influenciou desde sua criação, em 1993. “Quando o festival nasceu, não existiam órgãos que dessem suporte ao segmento LGBT dentro dos governos federal, estaduais e municipais. Isso mudou muito, inclusive com a criação de editais que estimulam produções ligadas a esse universo. Quando as pessoas começam a reconhecer os seus semelhantes, o diálogo flui mais, e isso reflete muito nas artes, que são o melhor meio para se discutir questões de nossa sociedade”, declara o diretor do festival.

 

Avanços e retrocessos

A boa repercussão de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho foi acompanhada de perto por João Federici, que esteve presente na sessão de estreia do filme, ocorrida no último Festival de Berlim. “O Mix Brasil sempre traz filmes que dialogam com os jovens, e este trabalho do Daniel fala simples e diretamente da questão da descoberta da sexualidade na adolescência. Isso é importante nos dias de hoje para que as pessoas possam ver que é uma situação normal, que acontece em todo lugar”, afirma.

Um caso distinto ocorreu neste ano com Praia do Futuro, trabalho dirigido por Karim Aïnouz e protagonizado por Wagner Moura – e que também está na programação do festival. A história de um salva-vidas cearense que se apaixona por um turista e se muda para a Alemanha para morar com ele foi vista por pouco mais de 100 mil espectadores nos cinemas do Brasil, mas houve relatos de que, em várias sessões, pessoas se retiraram da sala após cenas de sexo gay. Outros espectadores disseram que foram avisados ainda na bilheteria sobre as relações homossexuais da produção.

“Eu fiquei surpreso com isso. As pessoas ficam na sala de cinema para assistir a filmes violentos, com cenas de tortura e mortes, mas se incomodam com uma cena de sexo, que é uma coisa que todos nós fazemos e está ligada ao afeto. Precisamos questionar essa disparidade”, opina o diretor do Mix Brasil.

Outro ponto negativo para a comunidade LGBT, este ocorrido fora das salas de cinema, foram as declarações homofóbicas do candidato à Presidência da República Levy Fidélix (PRTB) em debates ocorridos na TV aberta. Entre outras coisas, o político ligou a homossexualidade à pedofilia e pregou o “enfrentamento” da minoria formada por homossexuais.

“Espero que nesse novo mandato (da presidente Dilma Rousseff) a lei que criminaliza a homofobia seja aprovada, pois assim o discurso desse candidato não poderia mais acontecer. Quando uma pessoa que está criando um filho que tem orientação homossexual ouve uma informação incorreta na televisão, isso só pode atrapalhar. Por isso o Mix Brasil ainda é fundamental, até porque ele não dialoga só com a comunidade LGBT. Temos, por exemplo, o programa de curtas Crescendo Com a Diversidade, totalmente voltado para crianças. Eu acho que os filmes para a família são muito importantes e educacionais”, diz João Federici.

 

Pioneiros e outras atrações

Outro destaque da programação do Mix Brasil é a mostra Pioneiros do Cinema Homoerótico, uma homenagem especial aos cineastas Wakefield Poole e Peter de Rome, grandes contadores de histórias eróticas das décadas de 60, 70 e 80. Recentemente redescobertos, seus filmes transitavam entre o artístico e o sexualmente explícito, em uma época em que a pornografia gay era considerada ilegal.

Além dos cerca de 150 filmes a serem exibidos, o festival traz ainda atrações de teatro, dança, música e literatura. Para conhecer a programação completa e obter outras informações sobre o 22º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, acesse o site oficial do evento.

 

Serviço

22º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade

Locais: Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso – São Paulo – SP); CineSesc (Rua Augusta, 2075 – Cerqueira César – São Paulo – SP) e Espaço Itaú de Cinema – Augusta (Rua Augusta, 1470 – Consolação – São Paulo – SP)

Data: De 13 a 23 de novembro de 2014

Site: http://www.mixbrasil.org.br/2014/index.asp?lng=#&panel1-1

Ingressos:

CCSP – Centro Cultural São Paulo (cinema/ teatro e shows)

Gratuito a R$1,00

ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA (SALA 3) – Augusta

SEG – R$ 22,00 (inteira) e R$ 11,00 (meia) – Comunidade LGBT e simpatizantes pagam meia

TER – R$ 18,00 (inteira) e R$ 9,00 (meia)Comunidade LGBT e simpatizantes pagam meia

QUA – R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia) Comunidade LGBT e simpatizantes pagam meia

QUI a DOM e FERIADOS – R$ 27,00 (inteira) e R$ 13,50 (meia) Comunidade LGBT e simpatizantes pagam meia

CINESESC

SEG a QUI – R$ 16,00 (inteira) e R$ 8,00 (meia) – Comunidade LGBT e simpatizantes pagam meia

SEX a DOM – R$20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia) – Comunidade LGBT e simpatizantes pagam meia

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